Mario Draghi deixa taxa em 0,5% e justifica com fragilidade da recuperação da economia europeia.
O Banco Central Europeu deixou a taxa de juro de referência da zona euro inalterada em 0,5%, o valor mais baixo desde o arranque da moeda única. Citando a fragilidade da retoma na economia do euro, o banco central sinalizou que deixará a taxa num nível historicamente baixo durante um período de tempo indeterminado. “Olhando para a frente, o tom da nossa política comentaria continuará a ser acomodatício [taxas baixas] por tanto tempo quanto for necessário”, afirmou Mario Draghi, presidente do BCE, na conferência de imprensa em Frankfurt, depois da reunião mensal do Conselho de governadores. “O conselho confirma que as taxas de referência do BCE ficarão no presente nível ou mais baixo por um período longo de tempo”, acrescentou na nota introdutória. Draghi nota as melhorias na conjuntura europeia, mas continua a sublinhar as fragilidades e riscos que pairam sobre a recuperação. Para o BCE, com um risco de inflação muito baixo (bem abaixo do limite de 2% para a zona euro), manter a política monetária estável num nível expansionista “dá apoio à recuperação gradual da economia”. Mario Draghi admitiu que a decisão de manter as taxas foi alvo de debate entre os governadores dos bancos centrais dos membros do euro. De um lado, estavam aqueles para quem os sinais de retoma já são evidência suficiente para alterar o curso da política monetária. Do outro, um grupo que vê necessidade em manter a política actual e sinalizar até um reforço. Draghi não identificou, como habitualmente, os intervenientes que argumentaram de cada lado embora, por exemplo, seja pública a resistência do Bundesbank alemão ao curso actualmente seguido pelo BCE. Sobre a fragmentação do mercado de crédito na zona euro – que implica condições de financiamento muito díspares entre as várias economias dA região, numa violação indirecta do mercado único – Draghi admitiu melhorias, para acrescentar logo de seguida que “a fragmentação tem que diminuir mais”. O Presidente do BCE deixou claro, uma vez mais, que o banco pondera escolher entre “um vasto conjunto de instrumentos” para diminuir a fragmentação e assegurar a estabilidade da zona euro no médio prazo, incluindo a continuação de injeções de liquidez no sistema.