O dia um de janeiro manteve uma tradição, relativamente recente na Raia, para os amantes da capeia. Trata-se da Capeia de Ano Novo, que ocorre no largo de Aldeia Velha e que, pelo convívio, é muito mais que a primeira de todas as capeias do ano, mas também um interessante encontro de pessoas.
Como vem sendo habitual a capeia fica a cargo de jovens mordomos, desta vez quatro raparigas da aldeia, que, naturalmente com a ajuda dos pais, irmãos e amigos, trataram de toda a logística: tapar a praça, montar os currais dos touros, tapar as ruas para a largada e arranjar dinheiro para fazer face à despesa.
Desta vez era grande a expectativa porque se anunciava um bom lote de animais e a verdade é que ninguém saiu defraudado. Foram vários os comentários, naturalmente abonatórios, ao ganadeiro Zé Nói e à mordomia, salientando que “mesmo no mês de agosto nalgumas aldeias não aparecem bois como estes”. Foi, portanto, uma boa capeia, com boas investidas dos touros que se apresentaram com porte e trapio, investindo uma e outra vez, partindo galhas e fazendo-se ouvir o ranger do forcão a cada investida. Para além disso não faltaram alguns ‘espontâneos’, a mostrar a habilidade com ‘capa e sombrero’ e muitos ‘recortadores’.
Como o dia se apresentou com temperatura agradável e sol, foram muitos, portugueses e espanhóis, que marcaram presença em Aldeia Velha e certamente que a mordomia conseguiu o dinheiro, no peditório feito, entre naturais e forasteiros, para uma festa que pode ser um bom prenúncio para o resto do ano, apesar da crise.
Sendo um dia de confraternização não faltou comida e bebida para todos, até já tarde, tudo à volta da fogueira, com muita carne assada, os ‘chicharrões’ na panela de ferro e o tamborileiro de serviço. Um convívio arraiano perfeitamente conseguido.
António Pissarra
Segundo touro da tarde
Um lindo exemplar que deixou a sua marca no forcão
Uma bela faena com a ‘muleta’
Panela de ferro para o saboroso chicharrão
Está assegurado o futuro dos tamborileiros na Raia
Três das quatro mordomas