O presidente do Tribunal de Contas (TdC) considerou hoje, na Guarda, que o desemprego é atualmente o “grande drama” de Portugal e da Europa e acredita que o país será capaz de superar a crise.
«Felizmente, Portugal é um país antigo. É um país com muitos séculos e é um país que teve crises muito mais difíceis do que a atual. Foi capaz de as superar e, certamente, que agora será capaz, também, de superar, com o empenhamento de todos os cidadãos», disse Guilherme d’Oliveira Martins à agência Lusa, na Guarda, à margem da conferência ‘Portugal e o seu destino’. Segundo o presidente do TdC, «todos os cidadãos, todas as instituições são chamadas, neste momento, a dar as mãos e, sobretudo, a encontrar uma vontade que leve justamente à afirmação de soluções que, por um lado, sejam disciplinadoras e rigorosas mas, simultaneamente sejam justas e envolvam a criação de emprego». «Temos que perceber que o grande drama da Europa, não é só o drama de Portugal, o grande drama da Europa é o drama do desemprego. E, sem resposta para esse drama não haverá superação da crise», declarou. Guilherme d’Oliveira Martins considerou indispensável perceber que «a solução da crise obriga a maior coordenação na Europa e, simultaneamente a uma maior tomada de consciência dos diferentes estados-membros relativamente às suas próprias responsabilidades». «Precisamos de um papel acrescido dos parlamentos nacionais que possa complementar uma ação mais determinada por parte das instituições europeias. Há duas legitimidades que são essenciais para superarmos a crise: a legitimidade dos cidadãos e a legitimidade dos Estados», apontou. A solução da crise «terá que ser uma solução política e a solução política obriga a termos mais e melhor Europa, mas simultaneamente uma melhor partilha na soberania dos Estados», afirmou. «Tem que haver disponibilidade, porque se não houver disponibilidade para encontrar um caminho que envolva os Estados, os cidadãos, e envolva mais a União Europeia, não sairemos da crise» vaticina o presidente do TdC. Já na intervenção inaugural da conferência, proferida na qualidade de presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d’Oliveira Martins disse que a Europa «está a fazer uma depressão» e é «o maior museu do mundo ao ar livre». Na conferência ‘Portugal e o seu destino’, que decorre até sexta-feira, organizada pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI) por ocasião da passagem do 90.º aniversário de Eduardo Lourenço, Guilherme d’Oliveira Martins, considerou que o filósofo e ensaísta é o pensador português contemporâneo «que pratica o sentido crítico plenamente». O encontro reúne pensadores e investigadores de diferentes áreas, que irão refletir em torno da obra de Eduardo Lourenço e sobre o estado atual do país.