A instalação de um Centro de Interpretação das Judiarias de Portugal, na cidade da Guarda, foi defendida por António Saraiva, gestor da Agência APGUR, no encerramento de um ciclo de cultura judaica.
Segundo António Saraiva, a materialização do projeto seria o concretizar de um sonho «em termos pessoais e em termos de Agência de Promoção da Guarda (APGUR)». «Gostaríamos de o ver um dia destes materializado. Espero que seja mesmo uma realidade a muito curto espaço de tempo», referiu o responsável à agência Lusa, no final do terceiro ciclo de cultura judaica que juntou, durante dois dias, na cidade da Guarda, vários especialistas nacionais e estrangeiros. O gestor da APGUR observou que o seminário, que versou a temática “Judeus e cristãos-novos na Beira”, realizado na quarta-feira e na quinta-feira, foi já «um contributo» para a concretização do projeto do futuro Centro de Interpretação das Judiarias de Portugal. Adiantou que as investigadoras Antonieta Garcia (professora associada da Universidade da Beira Interior) e Rita Costa Gomes (professora do departamento de História da Universidade de Towson – Estados Unidos da América) «estão disponíveis para dar todo o apoio» na execução do projeto que também envolverá a Câmara Municipal da Guarda. António Saraiva lembrou que a autarquia da Guarda foi pioneira no estudo da temática da cultura judaica, que no seguimento desse trabalho realizado foi criada uma Rede de Judiarias de Portugal e que os municípios começaram «a despertar para este fator de desenvolvimento e de turismo». O terceiro ciclo de cultura judaica incluiu o seminário “Judeus e cristãos-novos na Beira”, um espetáculo de música sefardita com o grupo Aquitania e uma visita guiada à judiaria e ao Centro de Interpretação Judaica Isaac Cardoso, na cidade de Trancoso. Durante o seminário foram abordados temas como “Os judeus em Portugal: a história, o património, a memória”, “A judiaria medieval da Guarda: um caso singular?”, “Médicos judeus no bispado da Guarda”, “A documentação genética – um arquivo (ainda) pouco explorado” e “Uma derradeira esperança para os cristãos-novos: a suspensão da inquisição entre 1674-1681”, entre outros.