Há cerca de dois anos, a Junta de Freguesia de Malhada da Sorda adquiriu o edifício que era de um particular, para ser recuperado e conservado.
A Junta de Freguesia de Malhada Sorda, no concelho de Almeida, em colaboração com a Associação Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, está a encetar diligências no sentido de recuperar o edifício da antiga Sinagoga. «Há cerca de 2 anos, a Junta de Freguesia adquiriu o edifício que era de um particular, para ser recuperado e conservado. O edifício está em ruínas, mas tem uma janela manuelina, um relógio de Sol e um armário sagrado. Ali terá funcionado a Esnoga (uma Sinagoga pequena)», disse ao Jornal A GUARDA o presidente da Junta Jorge Martins. De acordo com o autarca, está prevista a recuperação do edifício para que ali funcione «não propriamente uma Sinagoga para culto, mas para mostrar às pessoas como seria uma Sinagoga naquela época. Está também previsto recorrer a painéis interativos multimédia para mostrar as entradas das 38 casas identificadas na Malhada Sorda com marcas cruciformes. Poderá até ser reconstruída, no interior, uma entrada com as marcas cruciformes para as pessoas verem», explicou. Jorge Martins disse que está prevista «uma coisa diferente» e a concretizar-se o projeto «seria bom para a aldeia e para o concelho de Almeida, porque o que se pretende é apostar no turismo judaico, visto que existe uma grande presença judaica na Malhada Sorda e a Câmara de Almeida pretende fazer, em Vilar Formoso, o Memorial dedicado ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes». «Com este projeto podia criar-se um roteiro itinerante entre Malhada Sorda, Vilar Formoso e Almeida», admitiu, referindo que «as coisas estão bem encaminhadas com vista à concretização do projeto de recuperação do edifício da antiga Sinagoga». «Falta conseguir o financiamento para executar a obra. A Câmara Municipal de Almeida também está recetiva. A Junta de Freguesia adquiriu o edifício, mas, sem dinheiro, não pode fazer nada», admitiu o autarca, para destacar a importância de o projeto ser financiado através da Associação Rede de Judiarias de Portugal. Jorge Martins disse que o investimento «ainda não está calculado», embora admita que «será sempre avultado», daí que só seja possível com o envolvimento «da Rede de Judiarias de Portugal e da própria Câmara Municipal de Almeida», havendo no entanto necessidade de o Município integrar a Associação Rede de Judiarias de Portugal. O autarca reconhece que o legado dos judeus encontrados na localidade permitem concluir que «Malhada Sorda, que nunca foi sede de concelho, tem uma forte presença judaica, sinal de que havia movimento comercial e muita gente». A Junta de Malhada Sorda também pretende instalar um Centro Interpretativo da História e da Cultura local, em duas salas da antiga Escola Primária. «A ideia da Junta de Freguesia é instalar nesse Centro Interpretativo uma Biblioteca e uma sala de exposições, com uma exposição permanente, dedicada a Nossa Senhora da Ajuda, e outras rotativas», declarou Jorge Martins, referindo que o projecto ainda não foi concretizado «por falta de apoios» financeiros.