O Papa aprovou esta terça-feira a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas’ de D. João de Oliveira Matos (1879-1962), bispo auxiliar da Guarda, que recebe assim o título de ‘venerável’.
Esta é uma fase do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade. O postulador da causa de canonização, monsenhor Arnaldo Pinto Cardoso, declarou à Agência ECCLESIA que este é um momento «muito importante», de «reconhecimento» por todo o trabalho realizado na diocese durante este processo. «A impressão que recolhi é que ele semeou o Evangelho e deixou um cunho tal que a Diocese Guarda foi, durante décadas, um alfobre de vocações sacerdotais e religiosas. Através da imprensa, de visitas pastorais, da Liga dos Servos de Jesus, foi realmente uma figura carismática num período difícil, a seguir à I República», recorda. D. João de Oliveira Matos foi bispo auxiliar da Guarda entre dezembro de 1922 e 29 de agosto de 1962, dia da sua morte. D. António Moiteiro Ramos, atualmente bispo auxiliar de Braga e vice-postulador da causa de canonização, disse à Agência ECCLESIA que este momento é «uma graça muito grande», reconhecendo em D. João de Oliveira Matos alguém que se comprometeu em particular na «formação dos leigos». «A figura deste homem é a de um verdadeiro pastor, dedicado totalmente ao Povo de Deus», sublinha, destacando o seu trabalho na «renovação do tecido eclesial». O processo do bispo português, fundador da Liga dos Servos de Jesus, consta de 23 volumes e foi entregue em Roma, no dia 19 de Maio de 1998. Para a beatificação é agora necessário que a Santa Sé comprove a existência de um milagre atribuído à intercessão de D. João de Oliveira Matos, num processo que também se encontra no Vaticano. «De momento, as coisas estão bem encaminhadas, mas compete à Congregação (para as Causas dos Santos) decidir», adianta o postulador da causa, que tem em mãos outros processos, como o de D. António Barroso (1854-1918), missionário e bispo do Porto. O Papa Francisco autorizou ainda a publicação de decretos que reconhecem o martírio de 95 católicos durante a Guerra Civil de Espanha, entre 1936 e 1939, bem como as “virtudes heróicas” de um sacerdote italiano e duas religiosas, que viveram entre os séculos XVII e XIX. A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.