Na última sessão de Câmara três pedidos de apoio de associações e de despesa com a Feira de S. João foram retirados da agenda por indisponibilidade de tesouraria.
Três pedidos de apoio e despesa com a programação da Feira de S. João foram retirados da agenda da última reunião do executivo, realizada na segunda-feira, porque a Câmara da Guarda não tem dinheiro para fazer face a essa despesa. Segundo Joaquim Valente, a verba em causa é da ordem dos «15 a 18 mil euros», que só serão disponibilizados quando «a tesouraria o permitir». Os apoios solicitados destinam-se a associações juvenis e às equipas de sapadores florestais de Fernão Joanes e Valhelhas, além de atividades para a próxima Feira de S. João, mas o presidente da autarquia admitiu que, por enquanto, não há dinheiro. «Temos muitas obras em curso, o que condiciona todos os fundos disponíveis neste momento», declarou o edil, revelando que a Câmara está à espera de um parecer da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) sobre «a indexação da despesa aos compromissos». O caso não passou despercebido ao vereador do PSD, que, a propósito, perguntou pelos resultados do estudo de saneamento financeiro contratado pela autarquia – por 60 mil euros. Rui Quinaz quis saber também «o que foi concretizado em termos de equilibrar a despesa». Joaquim Valente respondeu que o saneamento financeiro é «um processo dinâmico» e que «é por demais evidente que estamos a cortar na despesa». O autarca referia-se às contas consolidadas de 2012 do grupo Câmara Municipal – que incluem as duas empresas municipais e os SMAS –, aprovadas com os votos contra dos vereadores sociais-democratas. Como habitualmente, os documentos não foram fornecidos aos jornalistas, tendo o presidente destacado a redução da dívida global de 65 para 59 milhões de euros relativamente ao ano anterior. Menos otimista, Rui Quinaz classificou esse valor de «gigantesco» e apontou a «persistência» de fundos próprios negativos: «Toda a receita está afeta aos custos fixos de exploração do grupo Câmara, que, mesmo assim, não gera receitas suficientes para pagar as suas despesas», considerou o vereador da oposição, que também estranhou que o quadro de pessoal tenha passado de 680 funcionários em 2011 para 683 no ano seguinte.
Maioria aprova moção de Bento sobre hospital
Nesta sessão, a maioria aprovou uma moção de Virgílio Bento sobre a redução das verbas para equipar o novo pavilhão do Hospital Sousa Martins e a suspensão da segunda fase dos trabalhos. No documento, o vereador independente alerta que a Guarda «corre o risco de ficar com meio hospital e com um terço do equipamento» e reclama do Ministério da Saúde «tratamento igual» ao dado aos projetos de Vila Franca de Xira e de Loures, cujos programas funcionais foram «respeitados na íntegra». O INTERIOR noticiou recentemente (ver edição de 23 de maio) que a ULS da Guarda dispõe de 6 milhões de euros para equipar o novo pavilhão, ou seja, quase menos dez milhões que o inicialmente previsto. Para o eleito, isto significa «forçosamente que as novas instalações terão de funcionar com mobiliário e equipamento com mais de 15 anos, algum dele a avariar frequentemente e com propostas de recuperação caríssimas». Virgílio Bento sustentou ainda que as novas instalações «não podem funcionar sem a remodelação das mais antigas», pelo que a Câmara tem que exigir do ministério que «seja respeitado o compromisso que o Governo assumiu para com o distrito». Joaquim Valente concordou com o teor da moção e acusou o Governo do PSD de ser «o coveiro do Hospital da Guarda» ao cortar «40 milhões de euros no projeto inicial». Por sua vez, Rui Quinaz, que votou contra, considerou que o documento é «pura demagogia», pois decorre a mudança de serviços e está prevista para setembro a inauguração do novo pavilhão. «O que não vai ser concretizado são as opções megalómanas previstas», criticou, lembrando que os cortes resultam das «contingências financeiras» a que o país está sujeito. «Provavelmente não será o equipamento que todos queríamos e é natural que não seja todo novo», admitiu ainda. Quem se absteve foi Ana Fonseca. A independente eleita pelo PSD justificou no final por que o fez: «Não concordo com a oportunidade e o aproveitamento político da moção, mas os adiamentos e recuos neste projeto têm prejudicado a Guarda, que continua a não ter um hospital de qualidade», declarou a vereadora.