Agosto é, por excelência, o mês das festas raianas e é também marcado por festejos religiosos carregados de devoção. Os encerros e as capeias com forcão fazem jus à tradição, ano após ano. Destemidas e, verdadeiramente, aficionadas as gentes da raia enchem e dão fulgor às praças improvisadas das aldeias, que recebem uma das tradições mais entusiastas da região. Emoções fortes, coragem, destreza, habilidade, força, resistência e uma pitada de bairrismo são os ingredientes para a “festa brava”. Todos os anos a história se repete.
Como sempre, as capeias começam de manhã com o encerro, quando os touros que serão lidados na praça são conduzidos para a arena improvisada, no centro da povoação, vindos de Espanha. A poeira no ar e o barulho da escolta prenuncia que os bois estão a chegar à aldeia. Chegam com a ajuda indispensável dos cavaleiros da terra e outros aficionados. E, mesmo com muita rispidez alguns touros acabam por escapar e ficam vários dias perdidos pelos campos. No entanto, os cavaleiros acostumados às lides aproveitam para demonstrar as suas habilidades e arte da cavalaria na escolta. Com habilidade dos cavaleiros e boa vontade dos touros, acabam por chegar ao centro da povoação, onde a população já os aguarda. Contudo, a capeia só começa à tarde, após os mordomos pedirem a praça à pessoa mais importante da aldeia ou ao público. Recebida a permissão neste ritual, é tempo dos touros porem à prova a destreza e valentia dos homens. Durante a pega o público vai vibrando com as investidas do touro, enquanto vão lançando gritos de incentivo para os corajosos que se aventuram na arena. Ainda há outros, mais destemidos, que vão à arena lidar o boi a pé e, por vezes, acabam por apanhar grandes sustos e causar muitos arrepios ao público. Terminada a capeia, tem lugar o desencerro dos bois que são conduzidos ao lameiro ou à quinta do seu proprietário, acompanhados novamente pelos cavaleiros. Este é um saber cuidadosamente transmitido entre gerações pelas gentes da raia.
A tradição da Capeia Arraiana volta em força a realizar-se no mês de agosto , em 14 localidades da concelho do Sabugal, com várias manifestações tauromáquicas feitas coletivamente e com recurso ao forcão na lide do touro bravo.
Este evento terá início no dia 4 de agosto, na freguesia de Quadrazais, seguindo-se a Lageosa (6 de agosto), Rebolosa (7 de agosto), Aldeia do Bispo (12 de agosto), Soito (13 de agosto), Nave e Ozendo (14 de agosto), Aldeia da Ponte (15 de agosto) Soito e Vale de Espinho (16 de agosto). Realizando-se, também, em Alfaiates (17 de agosto), Forcalhos (19 de agosto), Fóios (20 de agosto) e Aldeia Velha (25 de agosto).
Um dos momentos altos da programação será a realização do festival tradicional “Ó Forcão Rapazes!”, que terá lugar no Soito no dia 16 de agosto.
Para além da capeia arraiana, algumas das localidades irão receber, também, diversas atividades como touradas, “vaca da aguardente”, capeias noturnas, largadas e garraiadas.