O Instituto Politécnico da Guarda lidera um projeto para prevenir o declínio funcional e promover o envelhecimento saudável dos idosos que vivem em regiões transfronteiriças de baixa densidade populacional em Portugal e Espanha.
O projeto “SER65+: ações multissectoriais integradas para o Suporte ao Envelhecimento Saudável e Resiliente” vai testar um modelo inovador de intervenção, ao longo de seis meses, em duas centenas de idosos da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE) e da Comunidade Autónoma da Extremadura (Espanha), revelou o Politécnico através de uma nota informativa.
Os resultados do trabalho vão determinar a sua implementação noutras regiões dos dois países.
O projeto prevê o desenvolvimento de uma aplicação móvel e de uma plataforma digital para detetar e monitorizar a perda da autonomia funcional dos mais velhos.
O “SER65+” terá a duração de três anos e um investimento total de 1,2 milhões de euros, cofinanciado em 920 mil euros pela União Europeia.
De acordo com o Instituto Politécnico da Guarda (IPG), o projeto irá aplicar, pela primeira vez nestas regiões, as metodologias do Programa de Atenção Integrada para a Pessoa Idosa (ICOPE) da Organização Mundial de Saúde.
“Será desenvolvido entre a comunidade e os profissionais de saúde, de ação social, de exercício físico, de animação sociocultural e cuidadores informais e pretende intensificar o trabalho em rede para apoiar o envelhecimento ativo e saudável dos mais velhos”.
De acordo com Carolina Vila-Chã, investigadora do IPG e coordenadora deste projeto, vai ser realizado um diagnóstico multidimensional da população, avaliando parâmetros de saúde e de qualidade de vida, e vai propor-se a criação de serviços com novos cuidados que previnam o declínio funcional.
Está previsto o envolvimento dos centros de saúde, das juntas de freguesia, associações e outras organizações dedicadas à prestação de cuidados e suporte ao idoso.
Serão realizadas sessões participativas para envolver a comunidade e a partir da informação recolhida serão criados planos de ação e estratégias de intervenção no terreno.
O “SER65+” terá como base um ecossistema digital de interação entre os profissionais de saúde e de ação social, os agentes políticos locais e regionais envolvidos na prestação de cuidados de apoio ao idoso, cuidadores informais e adultos mais velhos.
Será desenvolvida uma aplicação móvel (App) de triagem da autonomia funcional e de saúde e uma plataforma ‘online’ que vai incorporar a informação recolhida pela ‘App’ e disponibilizá-la aos atores envolvidos na prestação de apoio aos idosos.
“A ‘app’ vai disponibilizar um conjunto de testes físicos e cognitivos simples com o intuito de ajudar os cuidadores e os técnicos que estão no terreno a detetar precocemente declínios funcionais da pessoa idosa, permitindo assim uma intervenção mais atempada pelas equipas de profissionais de saúde e de assistência social”, explicou Carolina Vila-Chã.
As entidades que prestam cuidados vão também poder monitorizar a perda da autonomia funcional da população idosa e responder-lhe, de forma coordenada, através da plataforma ‘online’.
O presidente do IPG, Joaquim Brigas, sublinhou que o envelhecimento saudável é uma das áreas prioritárias em que aposta a instituição, tendo sido criadas condições internamente para que possa liderar projetos na área.