Trabalhadores da Sodecia na Guarda hoje em greve criticam postura da empresa

Greve Sodecia

Os trabalhadores da Sodecia, na Guarda, estão hoje em greve e vão deixar de fazer trabalho extraordinário até final de junho reivindicando respeito pelo direito à organização da vida pessoal e familiar e melhores salários.

O protesto foi assinalado esta manhã com uma concentração de trabalhadores à porta da empresa, localizada no Parque Industrial da Guarda, que emprega cerca de 150 pessoas, a laborar na indústria de acessórios e componentes metálicos, designadamente na área de segurança e mobilidade automóvel.

Em comunicado, os trabalhadores referem que, “após sucessivas tomadas de imposição da parte da administração da empresa que afetam gravemente a organização pessoal e familiar, decidiram por um grito de alerta”. Marcaram uma paralisação de 24 horas para hoje e greve ao trabalho extraordinário e ao banco de horas até ao fim do mês de junho.

De acordo com Vanessa Serrão, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Norte (SITE – CN), as linhas de produção estiveram a trabalhar no turno desta manhã “a meio gás”, com cerca de 20 pessoas.

Vanessa Serrão, trabalhadora na Sodecia há nove anos, manifestou-se satisfeita com o impacto daquela que é a primeira greve em 37 anos de existência da empresa.

“Estamos satisfeitos com o impacto e com a adesão dos colegas. É aqui que nós queremos mostrar que os trabalhadores não estão contentes e precisamos que eles [administração] nos oiçam e que nos respeitem”, referiu à agência Lusa.

A dirigente sindical sublinhou que os trabalhadores não se revêm na postura da empresa “do ‘eu quero, posso e mando’”, pedem diálogo e respeito pelo direito a organizar a vida pessoal.

Paulo Lucas, trabalhador na Sodecia há cerca de oito anos, pede “respeito e valorização das pessoas”. Considera que “é triste que pessoas que estejam na empresa há mais de 30 anos continuem a ganhar o salário mínimo, quando deviam ser valorizadas pela experiência e pelo conhecimento e por aquilo que fazem pela empresa”.

Este trabalhador, que também é delegado sindical, pede uma mudança na postura da empresa. “Quero que o meu trabalho seja valorizado, quero continuar a trabalhar com qualidade e ser um ponto positivo na empresa. Mas é preciso que a empresa seja um ponto positivo na vida dos trabalhadores”.

Em comunicado enviado à Lusa, a Sodecia Safety & Mobility da Guarda S.A diz ter sido “surpreendida” e considera que as iniciativas “são absolutamente infundadas e não refletem a paz social que sempre foi vivida” na empresa.

A Sodecia refere que cumpre com todas as suas obrigações para com os colaboradores, pratica salários em linha com o setor e em média superiores ao contrato coletivo de trabalho do setor em que se encontra.

A empresa assegura que utiliza o banco de horas “em total conformidade com o estabelecido na regulamentação coletiva aplicável” e que no presente o recurso foi justificado por uma avaria importante num equipamento, tendo sido um uso limitado e adequado a resolver um problema de cumprimento junto do cliente.

No comunicado, a Sodecia da Guarda diz estar “profundamente empenhada em assegurar a continuidade da sua atividade, numa realidade económica internacional altamente competitiva e complexa, e em garantir todos os postos de trabalho com respeito pelas regras aplicáveis”.


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