Presidente da CIM Viseu Dão Lafões quer explicação do Governo sobre não duplicação do IP3

Fernando Ruas disse que espera “ver qual a justificação que o Governo tem para dar para não duplicarem o IP3” e, “quem conhece bem a zona sabe, não vale a pena justificar com a orografia”.

O presidente da CIM Viseu Dão Lafões, Fernando Ruas, disse na sexta-feira estar à espera que o Governo dê uma explicação sobre a duplicação do IP3, depois de ter prometido, em Castelo Branco, a duplicação do IC31 “para breve”.

“Estou à espera de uma explicação. Aliás, não há uma explicação, porque a única que havia era a falta de fundos comunitários, mas isso a senhora ministra também ouviu em Bruxelas. Por isso, tenho a certeza de que o IP3 não se fez por falta de vontade política e o problema do IP3 arrasta-se inexplicavelmente”, disse Fernando Ruas.

O também presidente da Câmara Municipal de Viseu falava na assembleia intermunicipal da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, no decorrer do debate sobre o IP3 e a duplicação desta via entre Coimbra e Viseu, que dominou parte do encontro.

O tema foi suscitado pelo deputado social-democrata Telmo Antunes, que preside à Assembleia Municipal de Vouzela, que pediu ao presidente da CIM, Fernando Ruas, o resultado de reuniões existentes com o Governo.

Fernando Ruas esclareceu o que já havia tornado público, por exemplo, a sugestão que fez ao então ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos da construção de um troço novo, em Santa Comba Dão, tendo em conta que é uma zona onde só ficará uma via em cada sentido.

O também presidente da Câmara Municipal de Viseu assumiu que está “consciente que qualquer pedido ou intervenção sobre o IP3, cada vez que se leva qualquer queixa ou divergência ao Governo, é razão logo para atrasar a obra uns três ou quatro anos”.

“Mas não me venham com o argumento das possíveis termas em Santa Comba Dão serem um impedimento para a duplicação da via, porque este Governo prometeu duplicar em quatro vias a ligação do IC31 pelas Termas de Monfortinho à fronteira espanhola”, a partir da zona de Castelo Branco, destacou.

Neste sentido, Fernando Ruas disse que espera “ver qual a justificação que o Governo tem para dar para não duplicarem o IP3” e, “quem conhece bem a zona sabe, não vale a pena justificar com a orografia”.

“Eu conheço bem a orografia entre Castelo Branco, as Termas de Monfortinho e a fronteira espanhola é bem mais complicada que aquela que temos ali em baixo, na Livraria do Mondego [IP 3 em Penacova]. Estou à espera”, reforçou Ruas.

O autarca destacou ainda que na iniciativa “Governo Mais Próximo”, em janeiro de 2023, em Castelo Branco, o Governo deixou “bem sublinhado o compromisso de que, em bem pouco tempo, seria iniciada a duplicação para quatro vias” do IC31.

O deputado Telmo Antunes voltou a subir ao púlpito para perguntar a Ruas se sabia “de quem é o concessionário das Termas de Monfortinho, que pertencem a uma empresa unipessoal”.

Perante o movimento de negação que Fernando Ruas fez com a cabeça, Telmo Antunes respondeu que “o atual concessionário das Termas de Monfortinho se chama António Aragão é marido da senhora ministra Ana Abrunhosa”, responsável pela pasta da Coesão Territorial.

A presidente da Assembleia Intermunicipal da CIM Viseu Dão Lafões, Cilene Gomes Lindinho (PS), também líder da Assembleia Municipal de Carregal do Sal, agradeceu os “esclarecimentos sobre o assunto, que ultrapassou” a agenda da reunião e deu o tema por encerrado.

O deputado João Paulo Rebelo (PS) disse estar “de acordo com o presidente” da CIM em em relação a “alguns pontos”, mas “não na sua intervenção generalizada”.

Já o deputado Pedro Alves (PSD) fez uma resenha histórica do processo do IP3 e acusou o Governo de, “nos últimos oito anos, não ter realizado um único metro de autoestrada” na via que liga Viseu a Coimbra.

Integram a CIM Viseu Dão Lafões os concelhos de Aguiar da Beira (distrito da Guarda), Carregal do Sal, Castro Daire, Mangualde, Nelas, Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Sátão, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela (distrito de Viseu).


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