Os guias intérpretes do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PACV) são fundamentais para a divulgação da arte paleolítica do território, atuando como mediadores culturais, no maior santuário mundial da arte rupestre a céu aberto, como destaca a Fundação.
“Os guias intérpretes do PAVC têm uma função fundamental, porque, no fundo, os conhecimentos que os visitantes adquirem no Coa são transmitidos através destes profissionais. O guia é uma peça fundamental na interpretação da arte paleolítica deste território”, explicou à agência Lusa a presidente da Fundação Côa Parque (FCP), Aida Carvalho.
Diariamente, os nove guias intérpretes, ao serviço da FCP, têm mais que uma tarefa, ora são condutores de viaturas todo-o-terreno que transportam as pessoas aos núcleos visitáveis, como a Canada do Inferno ou a Ribeira de Piscos, ora são verdadeiros conhecedores de um território singular, sempre com o ‘saber na ponta da língua’ para elucidar os mais curiosos, ou para fazerem uma chamada de atenção aos mais distraídos, para a preservação destes sítios que são Património da Humanidade.
Aida Carvalho, que também foi guia intérprete no início do PAVC, disse que esta “foi uma experiência maravilhosa”.
“Um guia é um contador de histórias. É também alguém que está a gerir um grupo de visitantes em que as idades podem ir dos oito ao 80, num processo em que tem que várias competências e muitas valências, sendo uma experiência marcante e um ensinamento para a vida “, concretizou a atual responsável pela FCP.
Uma das primeiras guias intérpretes do PAVC, Aldina Regalo, ao serviço desde 1996, explicou que tudo começou por uma questão de oportunidade, e no início foi uma descoberta.
“Embora haja a profissão de guia, nós partimos para uma profissão única no mundo, porque fazemos exclusivamente visitas guiadas ao Vale do Côa e acompanhamos os visitantes em todo os percursos, enquanto conduzimos a viatura que transporta o grupo”, indicou.
Por norma, cada guia leva um grupo de oito pessoas, lotação máxima da viatura 4×4, e faz três visitas por dia, dependendo dos horários.
“No início da minha atividade o que mais me perguntavam era o porquê da paragem da construção da barragem em detrimento da arte rupestre. O projeto era recente, o que despertava curiosidade”, explicou Aldina Regalo.
Uma das guiais mais recentes do PAVC, Marina Castanheira, que iniciou a sua atividade em 2019, contou que tudo começou pela sua formação em História e proximidade da sua cidade, a Guarda.
“Adoro o que faço. Sou uma apaixonada pelas visitas aos núcleos rupestres do Côa. Não só por ser uma guia intérprete, mas por poder partilhar tudo o que nós temos aqui com os visitantes que nos procuram todos os dias. Para mim acaba por ser um privilégio, porque estamos a trabalhar com um património único no mundo e que é da Humanidade e uma das primeiras formas de comunicação de nossa espécie”, vincou.
No PAVC, no troço final do rio Côa, localizam-se mais de 80 sítios com arte rupestre e cerca de 1.200 rochas gravadas, num território de cerca 200 quilómetros quadrados, abrangendo áreas dos concelhos de Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Mêda, no distrito da Guarda.
Este “extraordinário” conjunto rupestre, como assim é interpretado pelos investigadores, distribui-se ao longo de dois eixos fluviais principais: do rio Côa, numa extensão de cerca de 30 quilómetros, e também do rio Douro, ao longo de cerca 15 quilómetros, para ambos os lados após a embocadura do Côa.
Em consequência do reconhecimento do interesse patrimonial e cultural deste conjunto de achados, foi criado, em 10 de agosto de 1996, o PAVC com a missão de gerir, proteger, investigar e mostrar ao público a arte rupestre.
A chamada “Arte do Côa” situa-se entre os 25.000 e 30.000 anos, e é dado a conhecer por um conjunto de guias, técnicos, arqueólogos, entre outros trabalhadores, há 26 anos