O município do Sabugal está preocupado com a seca que afeta a zona raiana e procura minimizar os efeitos no fornecimento de água para os animais das explorações pecuárias ali existentes, disse o presidente da Câmara.
“A zona da raia, por norma, é muito mais seca, é uma zona com solos mais áridos e está a sentir muita dificuldade. É aí que temos as nossas maiores preocupações e estamos a tentar minimizar os efeitos [da falta de água]”, afirmou Vítor Proença.
Segundo o presidente da Câmara Municipal do Sabugal, no distrito da Guarda, é na zona raiana, que faz fronteira com Espanha, que está sediada a maior parte das explorações agrícolas do concelho.
“Temos que ter sempre uma atenção muito especial nessa zona, porque é a zona mais seca [do concelho] e onde não há grandes possibilidades de abastecimento”, alertou.
Vítor Proença disse que o município tem recebido “muitas preocupações”, através dos presidentes das Juntas de Freguesia e das associações de produtores, relativamente às dificuldades no fornecimento de água para beberagem de animais.
“Além das captações [de água] antigas que já tínhamos desativado e que reativámos, que temos já a funcionar, cerca de 14, estamos a fazer um levantamento mais exaustivo de alguns locais onde não temos essa possibilidade, onde já não há condições técnicas para o fazer, no sentido de criarmos condições para as pormos ao serviço da população”, indicou.
Enquanto as soluções não surgem, em alguns locais, o município está a autorizar que sejam feitas “recolhas na rede em alta, de água potável, para consumo humano, devidamente controladas, porque não há outra solução”.
“Já estamos a autorizar isso, em dois ou três sítios, para que não haja problemas e não cheguemos a situações de maior risco”, explicou, adiantando que o município também está a equipar-se com uma cisterna para deslocações de emergência.
Vítor Proença ainda não está a equacionar atribuir um apoio direto aos agricultores e aos produtores pecuários do concelho, mas admitiu que tal poderá ser feito “a qualquer momento”.
O responsável assinalou que o verão está no início e que se avizinha uma época “muito difícil”.
A autarquia do Sabugal está em contacto com a Agência Portuguesa do Ambiente e com o Ministério da Agricultura, para que, no tocante à barragem local, a quota de água não desça aos níveis de 2019 e “possa pôr em causa o caudal ecológico e a biodiversidade”.
“Aquilo que nos têm dito é que está a haver um maior controlo na Cova da Beira, na utilização da água, e que vai haver um controlo mais rigoroso nos transvases”, disse.
Com a proximidade da chegada dos emigrantes ao concelho, para gozo de férias, a autarquia do Sabugal está a preparar uma campanha de sensibilização para que se evitem os desperdícios de água.
“Temos os nossos técnicos a ultimar uma campanha de sensibilização para que possamos todos colaborar e contribuir para que este bem essencial não falhe. Vamos pô-la no terreno dentro de pouco tempo”, concluiu.
O Governo reconheceu na segunda-feira oficialmente a existência de uma situação de seca severa e extrema agrometeorológica em todo o continente, “o que consubstancia um fenómeno climático adverso, com repercussões negativas na atividade agrícola”.
Portugal continental estava em maio com cerca de 97,1% do território na classe de seca severa e 1,4% na classe de seca extrema.