“Ninguém aguenta, de uma forma contínua, aumentos da ordem dos 20% nestas componentes. E temos que ver que há empresas que entre 30 a 40% dos seus custos são de energia e combustíveis”, alertou esta terça-feira Orlando Faísca, em declarações à agência Lusa.
Segundo o presidente do NERGA, “com o aumento de 20 ou 30% desses custos”, a situação para as empresas “torna-se insustentável a longo prazo”, porque deixam de “ter margem”.
“Estamos só agora no início, pensamos nós, mas isto não pode durar muito mais tempo, porque senão, efetivamente, existirão muitas empresas que não irão conseguir aguentar esta escalada de preços”, afirmou.
Referiu que os custos de produção aumentaram, em relação aos últimos seis meses, sendo “superiores a 20%”, e os empresários “não estão a repercutir” esses custos nos clientes.
“As empresas mais exportadoras, com maior dinâmica comercial, têm contratos a médio e longo prazo e, mesmo os pequenos comerciantes, também não o conseguem fazer. Não fazendo repercutir esse valor acrescentado no preço final torna-se difícil e torna-se insustentável toda a nossa dinâmica comercial”, explicou.
O presidente da Associação Empresarial da Região da Guarda salientou que os empresários estão “completamente aflitos” para sobreviver aos aumentos da energia elétrica, gás e combustíveis.
O responsável disse não ter conhecimento de empresas da região que estejam em vias de suspender a atividade, por terem “um fundo de maneio para alguma crise”.
“Agora, não é justo que esse fundo de maneio vá ser investido no acrescento [de despesas] em que uma grande parte são impostos”, disse.
Para ajudar as empresas a enfrentar o problema, Orlando Faísca pediu a intervenção do Governo ao nível da redução de impostos.
“O Estado tem que fazer mais pelas empresas. Nós estamos a pagar uma tarifa demasiado elevada e o Estado continua a receber a mesma fatia. Nós estamos deficitários, mas o Estado continua sempre a ganhar. Isso é que não está correto”, disse, à Lusa.
Orlando Faísca considerou que o Estado tem de estar “ao lado da solução” e das empresas, mas “criou um despesismo de tal forma que não se consegue libertar dessas elevadas percentagens de impostos”.
O Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) aumentou “há três ou quatro anos” e “baixou qualquer coisa na semana passada”, mas “baixou 2,5 cêntimos”, o que representa “uma gota no oceano”, indicou.
“Se o Estado for melhor gestor da sua componente, necessita de gastar menos e ao gastar menos torna-se mais eficaz e eficiente e, por isso, não necessita de recuperar tantos impostos da atividade privada”, rematou o presidente do NERGA.