Este ano, o Programa de Apoio a Museus da Rede Portuguesa de Museus (ProMuseus) recebeu 101 candidaturas a concurso, “que apresentaram projetos de grande qualidade”, muitos deles na área da transição digital, uma das mais valorizadas”, indicou a secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira.
O investimento global para os 59 projetos apresentados por 52 museus é de 1.818.437 euros e o Ministério da Cultura, através da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), garantirá 1.015,023 euros, ficando a diferença a cargo dos proponentes dos projetos, membros da rede, sobretudo autarquias, mas também fundações, igrejas, associações e misericórdias.
Programa de apoio financeiro gerido pela DGPC e destinado a promover a qualificação dos museus credenciados que constituem a RPM, desde que não sejam tutelados pela administração central, o ProMuseus apoiou 45 projetos de 38 museus, em 2019, com cerca de um milhão de euros, cerca de 600 mil euros comparticipados pela DGPC, e a ideia era prosseguir em 2020, mas a pandemia afetou o processo.
“O ProMuseus tinha tido a última edição em 2010. Reativámos em 2019, com 45 projetos [selecionados], que foram todos executados e terminados em 2020”, recordou a secretária de Estado sobre um programa considerado estratégico que deveria prosseguir: “Mas o problema é que estivemos nesse ano bastante tempo encerrados, o processo atrasou um pouco, e então decidimos abrir em janeiro deste ano”.
Apresentadas a concurso 101 candidaturas por 66 museus, foram excluídas sete, por não cumprirem o regulamento, e admitidas 94, e aprovado financiamento de 59, não tendo sido contempladas com apoio financeiro 35.
A esta edição do Programa concorreram museus de todas as regiões do país, incluindo museus que passaram a fazer parte da RPM no próprio ano da abertura do concurso, e serão apoiados 52 museus.
Como áreas preferenciais a apoiar foram definidas parcerias, transformação digital, estudo, investigação e exposições, divulgação, mediação e educação.
Ângela Ferreira indicou que a área da transição digital teve 17 projetos aprovados, enquanto as parcerias – considerada uma área particularmente importante pela governante – teve quatro selecionados.
“Estes projetos das parcerias são muito importantes porque são apresentados por museus que pertencem à RPM, mas podem vir acompanhados por outros que ainda não estejam credenciados, desenvolvendo a colaboração de trabalho em rede, que é um grande incentivo a estes espaços”, vincou.
Um dos projetos selecionados, da área de parcerias, foi o “Crânio da Aroeira, um fóssil humano com cerca de 400 mil anos”, candidatado pelo Museu Municipal Carlos Reis, em parceira com o Museu Nacional de Arqueologia, que visa promover a apresentação pública deste fóssil humano, o mais antigo encontrado em território português e um dos mais antigos da Europa.
A exposição, comissariada por João Zilhão, sobre o projeto “Arquevo-Arqueologia e Evolução dos Primeiros Humanos na Fachada Atlântica da Península Ibérica” (da UNIARQ), sobre os trabalhos já decorridos no sistema cársico associado à nascente do rio Almonda, tem como objetivo apresentar-se em Torres Novas (no novo polo de arqueologia do Museu Municipal Carlos Reis) e “itinerar”, numa segunda fase, visando também o público do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
Questionada pela Lusa se o ProMuseus vai continuar em 2022, a secretária de Estado disse: “Para o ano vamos manter a verba de um milhão, e depois, quiçá, podemos reforçar nos próximos anos, porque este programa é essencial. Nesta altura, em que os museus estiveram algum tempo fechados e com poucos visitantes, é preciso projetos que agarrem estas áreas das parcerias, transição digital, mediação e serviços educativos, de forma a conquistar novos públicos, e qualificar recursos humanos”.