O presidente da Câmara da Guarda disse hoje que o hospital privado previsto para a cidade visa colmatar deficiências existentes no Serviço Nacional de Saúde e terá consultas em valências que estão com atraso de dois anos.
O autarca Carlos Chaves Monteiro (PSD), disse hoje na última reunião do mandato da Assembleia Municipal, realizada no grande auditório do Teatro Municipal, onde o assunto do hospital privado dominou as intervenções dos partidos da oposição, que “não se entendem os opositores” do projeto.
Durante a discussão do assunto, o deputado do CDS-PP Henrique Monteiro apresentou uma recomendação para a anulação do memorando de entendimento entre a autarquia e um grupo empresarial privado, para construção da unidade de saúde, “porque não houve um concurso público com convite” a entidades locais e nacionais.
Seguiram-se outras intervenções de Matias Coelho e António Monteirinho (PS), Aires Dinis (CDU), Pedro Nobre (PSD) e Marco Loureiro (BE), entre outros deputados municipais.
Na resposta, o presidente da autarquia, Carlos Chaves Monteiro, não poupou nas críticas à oposição e lembrou carências na resposta dada pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) através da Unidade Local de Saúde (ULS).
“Quatro anos para termos uma consulta em cardiologia? As pessoas morrem”, observou.
Acrescentou que na futura unidade de saúde privada serão criadas várias valências (gastrenterologia, pneumologia, cardiologia, otorrinolaringologia, entre outras) em que as consultas “demoram, no mínimo, dois anos”.
Fez ainda uma comparação entre a ULS da Guarda, a ULS de Valença do Minho e os centros hospitalares da Cova da Beira e Tondela Viseu, referindo que na ULS da cidade mais alta do país as cirurgias estão com um atraso de 22,9% e as consultas com uma média de 41%.
“Este é o estado calamitoso em que temos a saúde”, apontou Carlos Chaves Monteiro.
Na sua intervenção, o autarca social-democrata dirigiu-se aos representantes do PS, que criticou pela oposição ao projeto do hospital privado: “É este PS da Guarda decadente, o PS que não quer o desenvolvimento da Guarda, que nos diz: ‘Alto lá! Então defender um hospital privado, não é destruir o hospital público?’ É este discurso? É isto que está em causa nas próximas eleições. É isto que está em causa nos assuntos que hoje estamos a discutir”.
“De uma vez por todas, não nos podemos inibir”, disse, afirmando que, apesar da proximidade das eleições, estará sempre disponível “para os desafios” de qualquer empresário.
A autarquia da Guarda assinou um memorando de entendimento com a sociedade Hospital Terra Quente e o fundo MedCapital e está previsto que o empreendimento, que representa um investimento superior a 10 milhões de euros, esteja concluído em 2024.
O futuro hospital terá consultas de várias especialidades médicas e cirúrgicas, imagiologia, exames de diagnóstico de várias especialidades, serviço de urgência, bloco operatório e internamento com cerca de 10 a 20 camas.
A autarquia estima que o investimento irá criar cerca de 180 postos de trabalho diretos e indiretos.
O projeto inclui também uma residência sénior (80 camas) e um centro de dia (capacidade para 30 utentes).
A proposta de cedência do terreno para o futuro hospital privado foi aprovada na última reunião do executivo municipal, por maioria, com os votos contra dos vereadores Sérgio Costa (eleito pelo PSD, mas atualmente independente) e Manuel Simões (PS).