Para além do voto de pesar, aquele órgão presidido por Cidália Valbom (PSD), também guardou um minuto de silêncio em memória de Eduardo Lourenço Faria, que nasceu em 23 de maio de 1923, em São Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda.
Conselheiro de Estado, professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.
Autor de mais de 40 títulos, que testemunham “um olhar inquietante sobre a realidade”, como destacaram os seus pares, tem em “Os Militares e o Poder”, “Labirinto da Saudade”, “Fernando, Rei da Nossa Baviera” e “Tempo e Poesia” algumas das suas principais obras.
No voto de pesar do PSD, o primeiro que foi apresentado na AM da Guarda, é referido que com a morte do filósofo, “a Guarda e o país perderam uma das mentes mais brilhantes e um grande humanista”.
O partido considera que Eduardo Lourenço deixa uma “marca profunda na Guarda”.
“Através do desafio da criação, em 1999, de um Instituto da Civilização Ibérica que unisse as duas Universidades mais antigas da Península (Coimbra e Salamanca), Eduardo Lourenço retornou simbolicamente à sua cidade como Diretor Honorífico do Centro de Estudos Ibéricos e como patrono da Biblioteca Municipal que tem o seu nome, que foi inaugurada em 2008 e que conta com grande parte do seu acervo literário”, justifica.
Já o PS refere no voto de pesar que com o falecimento de Eduardo Lourenço, considerado “um dos maiores pensadores do nosso tempo”, Portugal “ficou mais pobre”.
“O seu nome estará para sempre presente e a sua memória viverá em nós, na Biblioteca Municipal a que humildemente deu o nome e à qual doou grande parte do seu acervo literário. Mas será na criação e obra do Centro de Estudos Ibéricos na Guarda, do qual foi o impulsionador e Diretor Honorífico, que o seu cunho fica mais notado”, referiu o partido que propõe ao município da Guarda a atribuição do seu nome “a uma rua nobre” da cidade.
O Centro de Estudos Ibéricos, que institui anualmente o Prémio Eduardo Lourenço, foi criado a partir de um desafio lançado pelo ensaísta na sessão solene comemorativa do Oitavo Centenário do Foral da Guarda, em 1999.
Surgiu em resultado de uma parceria que envolveu inicialmente a Câmara Municipal da Guarda e as Universidades de Coimbra e de Salamanca (Espanha) e, mais tarde, o Instituto Politécnico da Guarda.
O Prémio Eduardo Lourenço destina-se a galardoar personalidades ou instituições com “intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas”.