O representante da Comissão de Trabalhadores, Paulo Ferreira, disse à agência Lusa que a empresa entrou em ‘lay-off’ (suspensão temporária ou redução dos horários de trabalho) pelas 00:00 de hoje e solicitou aos operários que se apresentem ao serviço no dia 14 de abril.
“Caso [o período de ‘lay-off’] se prolongue por mais tempo, que é aquilo que toda a gente [trabalhadores] suspeita, eles [administração], depois, entrarão em contacto connosco. Mas, para já, [a medida vigora] pelo menos, até ao dia 14”, adiantou.
Fonte dos recursos humanos da empresa confirmou à Lusa a aplicação da medida de ‘lay-off’ no período referido pelo representante dos trabalhadores.
Segundo Paulo Ferreira, a administração da DURA Automotive – Indústria de Componentes para Automóveis, Lda., instalada na freguesia de Vila Cortez do Mondego, no concelho da Guarda, justifica a paragem na produção pela pandemia e “pelo cancelamento das encomendas por parte dos clientes, porque eles também acabam por fechar”.
A empresa possui um total de 155 trabalhadores e, no período de ‘lay-off’, ficam apenas cinco a assegurar os serviços mínimos.
O representante dos trabalhadores contou que a medida foi recebida com “um misto de sensações”, porque os operários estavam com receio de trabalhar devido à covid-19, mas também estão apreensivos com o futuro da unidade fabril que “já não estava muito bem”.
O coordenador da União dos Sindicatos da Guarda, Pedro Branquinho, mostrou-se hoje preocupado com a aplicação da medida de ‘lay-off’ na multinacional que produz componentes para a indústria automóvel, porque a empresa “está com problemas estruturais a nível internacional”.
O responsável lembrou à Lusa que “o problema da Dura tem muitos meses” e “para o dia 31 de outubro [de 2019] estava anunciado o despedimento de 65% dos trabalhadores, o que não se concretizou”.
“Este ‘lay-off’ é uma preocupação muito grande para nós”, assumiu o coordenador da União dos Sindicatos da Guarda.
Pedro Branquinho lamenta que as pequenas empresas da região estejam “a aguentar-se” e que as maiores recorram ao ‘lay-off’, o que considera “desajustado”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).