As autoridades nacionais e espanholas repuseram ontem, às 23 horas, o controlo na fronteira terrestre de Vilar Formoso, em Portugal, devido à pandemia de Covid-19, o que coloca restrições a quem pretende circular entre os dois países.
Em Vilar Formoso, entre as 23 horas e as 23h20, as autoridades portuguesas permitiram o acesso ao território nacional de quatro viaturas ligeiras, mas as espanholas impediram a passagem de dois veículos franceses, como constatou a agência Lusa no local.
Espanha está a fazer o controlo na principal fronteira terrestre através de elementos da Guardia Civil e da Polícia Nacional, e Portugal com elementos da GNR e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Pelas 23h06 uma cidadã francesa foi parada na fronteira pelas autoridades espanholas e foi impedida de prosseguir viagem. A mulher disse que foi surpreendida pela situação e que pretendia seguir para França, mas não foi autorizada a prosseguir.
Pouco tempo depois, voltou a fazer nova tentativa, mas os polícias espanhóis não a deixaram seguir viagem e teve de voltar para trás.
Por volta das 23h10 foi mandada parar outra viatura, também de matrícula francesa, conduzida por um francês, proveniente da Covilhã que tencionava seguir para a zona de Paris.
O condutor foi surpreendido pela decisão da polícia espanhola. “É uma situação difícil, mas compreendo”, disse à Lusa.
O Governo anunciou ontem o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem exclusivamente destinados ao transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham de se deslocar por razões profissionais.
Um desses pontos é Vilar Formoso, a principal fronteira terrestre, situada no concelho de Almeida, no distrito da Guarda, que faz ligação com a localidade espanhola de Fuentes de Oñoro.
Em conferência de imprensa em Lisboa, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, adiantou que estas medidas vão vigorar até 15 de abril e inserem-se no combate à pandemia do Covid-19.
“Estão impedidas todas as deslocações turísticas e de lazer entre os dois países”, disse, referindo que nos nove pontos de fronteira “apenas será autorizada” a circulação de veículos de mercadorias, pessoal diplomático, acesso a cuidados de saúde e saída de cidadãos estrangeiros que residam em outros países da União Europeia.
A abolição das fronteiras entre os dois países entrou em vigor no dia 01 de janeiro de 1993, mas devido à Covid-19, as autoridades portuguesas e espanholas passaram a fazer o controlo de quem entra e de quem sai do respetivo território.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais de 55 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos.
A Itália com 2.158 mortos (em 27.980 casos), a Espanha com 297 mortos (8.794 casos) e a França com 127 mortos (5.423 casos) são os países mais afetados na Europa.
Portugal registou hoje a primeira morte, de um homem de 80 anos, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido.