Os vereadores do PS no executivo da Câmara Municipal da Guarda mostraram-se ontem preocupados com a demissão de dois elementos da equipa da candidatura daquela cidade a Capital Europeia da Cultura em 2027.
O coordenador da candidatura, o antigo secretário de Estado da Cultura José Amaral Lopes, apresentou a demissão do cargo no dia 30 de setembro e, posteriormente, João Heitor, que estava para ser o parceiro em França, manifestou a sua indisponibilidade para as funções.
As duas demissões foram abordadas pelos vereadores do PS (Eduardo Brito e Cristina Correia) na reunião quinzenal do executivo autárquico da Guarda, liderado pelo social-democrata Carlos Chaves Monteiro.
No final da reunião, o vereador Eduardo Brito disse aos jornalistas que os eleitos do PS estão preocupados com “o amadorismo” do processo.
Referiu que já se “perderam dois anos” na preparação da candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura e questionou “quanto é que a Câmara gastou” com os dois elementos demissionários.
Lamentou também que decorridos dois anos ainda não haja um plano, pois, na opinião dos eleitos socialistas, é necessário “definir a estratégia” da candidatura.
“Nós esperamos que, rapidamente, se reverta a situação e se apresente um plano e depois a estratégia”, afirmou.
Eduardo Brito disse ainda que José Amaral Lopes se demitiu por não existirem condições para continuar a fazer parte da equipa da candidatura e o mesmo aconteceu com João Heitor, considerando que são razões “preocupantes”.
Segundo o eleito socialista, “tem havido pouca transparência, ou nenhuma”, no processo de candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura 2017.
Na resposta aos socialistas, o presidente da autarquia, Carlos Chaves Monteiro, disse que os dois eleitos da oposição fizeram “juízos de valor sobre uma realidade” que “desconhecem em absoluto”.
O autarca explicou aos jornalistas que nos dois últimos anos “muito trabalho foi realizado” pelos elementos da equipa responsável pela elaboração do processo de candidatura.
Indicou que foi feita a definição dos princípios, da estratégia e dos objetivos, como está definido na diretiva europeia que norteia as candidaturas das cidades proponentes.
“Nós temos uma vontade férrea e inequívoca de levar este trabalho até ao fim e de ganhar esta candidatura”, assegurou Carlos Chaves Monteiro.
O autarca da Guarda esclareceu ainda que o ex-coordenador José Amaral Lopes fez um trabalho “bem feito”.
Já João Heitor, que foi abordado pela autarquia para “fazer alguns contactos” em França e para “assumir um conjunto de ações concretas” naquele país, era “apenas um parceiro do processo” de candidatura e manifestou “indisponibilidade” para as funções.
O Parlamento Europeu aprovou em 13 de junho de 2017 a lista dos Estados-membros que vão acolher as capitais europeias da cultura entre 2020 e 2033, que prevê que uma cidade portuguesa seja capital em 2027, juntamente com uma localidade da Letónia.