Numa nota publicada no portal da autarquia, o ensaísta e vencedor do prémio Pessoa em 2011, que completa 96 anos em maio, é caracterizado, como um “dos nomes maiores do pensamento português” que lecionou em “universidades portuguesas, brasileiras, alemãs e francesas, ao mesmo tempo que mantinha intensa atividade entre a crítica literária e a escrita ensaística”.
A Feira do Livro do Porto, que vai decorrer entre 06 e 22 de setembro, vai assim regressar aos Jardins do Palácio de Cristal para mais uma edição.
O mesmo texto recorda que Eduardo Lourenço se ligou ao Porto “desde muito cedo”, tendo passado “os primeiros anos de vida na cidade”.
“Por isso, segundo adiantou o escritor e filósofo em entrevista a Anabela Mota Ribeiro, as memórias mais antigas que tem de si e do mundo são precisamente da cidade do Porto, onde viveu tempos da infância que o marcaram para sempre de forma indelével: ‘As primeiras imagens que tenho da vida são do nevoeiro, das fábricas, do nevoeiro que atiravam as chaminés’”, acrescenta o texto.
A homenagem vai ser delineada pelo argumentista e antigo administrador da RTP Nuno Artur Silva.
Sobre Eduardo Lourenço
Eduardo Lourenço nasceu em São Pedro de Rio Seco (Almeida) a 23 de maio de 1923. Frequentou o Liceu da Guarda e cursou Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Após o curso, lecionou nessa faculdade como professor assistente, até 1953, iniciando a sua colaboração em revistas como a Vértice, onde se estreou com um poema e onde foi publicando ensaios.
A partir de 1953 exilou-se voluntariamente, por estar desapontado com a vida académica portuguesa, não chegando a apresentar a tese de doutoramento, então em projeto, sobre o tema “Tempo e Verdade”. Lecionou, então, em universidades estrangeiras nas cidades de Hamburgo, Heidelberg, Montpellier, São Salvador da Baía, Grenoble e Nice.
A abordagem crítica da realidade, inicialmente inspirada pelo neorrealismo, aproximou-se depois do existencialismo e tornou a sua produção ensaística num fenómeno singular na cultura portuguesa.
A sua obra tem sido também permeada pela literatura, levando-o a escrever sobre escritores portugueses, como Miguel Torga, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa-Luís, Jorge de Sena e José Saramago, entre outros, voltando a temas políticos quando a realidade o motiva a tal.
Eduardo Lourenço é tido como um dos mais prestigiados intelectuais europeus.