Fernando Carvalho Rodrigues, nascido em 1947, em Casal de Cinza, concelho da Guarda, conhecido do grande público como o “pai” do primeiro satélite português, dará hoje, dia 21 de março, a sua última lição pública, no IADE, em Lisboa, às 18h30 intitulando-se Empreender; a Dançar com Arte, Ciência e Design.
Licenciado em Física na Universidade de Lisboa em 1969, Carvalho Rodrigues doutorou-se, cinco anos depois, em Engenharia Electrónica na Universidade de Liverpool, no Reino Unido. Em 1985, tornou-se professor catedrático no Instituto Superior Técnico de Lisboa, onde esteve até 1996. Foi com o lançamento do primeiro – e único – satélite português, o PoSat-1, a 26 de Setembro de 1993, que o investigador ganhou notoriedade nacional.
No então Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI), Carvalho Rodrigues foi o coordenador-geral do consórcio de empresas e universidades para desenvolver o PoSat-1, ao abrigo de um acordo de transferência de tecnologia com a Universidade de Surrey, em Inglaterra, onde o satélite foi construído. Entre os objetivos do projeto estava a formação de engenheiros nas tecnologias espaciais e a participação de empresas portuguesas em programas espaciais internacionais (Portugal ainda não tinha aderido à Agência Espacial Europeia, o que só aconteceria em 1999).
Mas se Carvalho Rodrigues era o rosto mais mediático do projeto, a que ajudaram uma forma descontraída e extrovertida de estar, uso de papillon como imagem de marca e a faceta de cantor de ópera, José Manuel Rebordão, também do INETI, era o responsável pela equipa técnica do satélite.
O PoSat-1, de 50 quilos, da classe dos microssatélites, partiu para o espaço a bordo de um foguetão Ariane-4, que descolou da Guiana Francesa. A delegação portuguesa, além de Carvalho Rodrigues, incluía políticos do governo da altura (do PSD) – Mira Amaral, ministro da Indústria, Fernandes Thomaz, secretário de Estado da Ciência, e Eugénio Ramos, secretário de Estado do Equipamento e das Indústrias da Defesa. Ainda chegou a falar-se de um PoSat-2, mas o governo mudou – para o PS em 1995, e José Mariano Gago, que então se tornou ministro da Ciência e da Tecnologia, considerava que o projecto era pouco mais do que propaganda.
Carvalho Rodrigues foi ainda director do Programa de Ciência da NATO durante 13 anos, entre 1999 e 2012. Entre várias distinções, do seu currículo fazem parte o Prémio Pfizer de 1977 (pelos resultados na aplicação de processamento de imagem em medicina), o Prémio Gulbenkian de Ciência e Tecnologia de 1978 e de 1982 (pelo desenvolvimento de algoritmos de cálculo de sistemas ópticos e pela aplicação de técnicas laser na caracterização de matérias-primas têxteis) ou a comenda da Ordem Militar de Santiago da Espada, em 1995.
No IADE, tornou-se em 2000 coordenador da área científica das tecnologias, onde agora era professor catedrático, refere um comunicado de imprensa do instituto. Talvez na sua última lição pública, que marca a sua jubilação, Carvalho Rodrigues conte por onde anda agora o PoSat-1 e qual é o seu estado de saúde.