Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), resolver as alterações climáticas passa “pela aposta na agricultura familiar e na pequena agricultura, em modelos de produção mais sustentáveis e na relocalização do consumo alimentar”, já que o modelo agro-industrial intensivo “não é a solução”.
Esta opção “implica, inevitavelmente, uma alteração nas políticas agrícolas, alimentares e comerciais ao nível global”, refere um comunicado hoje divulgado pela CNA.
Uma delegação da confederação, que representa a agricultura familiar em Portugal, está presente em Paris para participar num conjunto de iniciativas da Coordenadora Europeia Via Campesina, a ocorrer em paralelo com a realização da conferência das Nações Unidas para o clima (COP21), que termina na sexta-feira.
A COP21 junta 196 países para tentar chegar a um acordo vinculativo que defina a redução das emissões de gases com efeito de estufa, de modo a conseguir limitar o aumento da temperatura média do planeta, e o financiamento da adaptação, principalmente das nações em vias de desenvolvimento.
A CNA vem reclamar soluções efetivas contra a crise climática e denunciar “as falsas soluções que têm sido apontadas, como a questão do mercado de carbono e a chamada economia verde”.
É que, para estes agricultores portugueses, o mercado do carbono, sem mudanças nas políticas agrícolas, alimentares e comerciais, “apenas levará à canalização de enormes investimentos no setor agro-florestal à escala mundial nos chamados sumidouros de carbono agrícolas e florestais”.
E lista as principais consequências daquelas opções, nomeadamente o aumento dos conflitos relacionados com a posse dos recursos naturais e da pressão humana sobre estes recursos, com a sua degradação, assim como a transformação do modelo produtivo agro-florestal, com a sua intensificação e industrialização.
Quanto à oposição relativamente ao modelo agro-industrial, a CNA defende ser “altamente dependente dos combustíveis fósseis” e da importação de fatores de produção, como fertilizantes, pesticidas ou rações para a alimentação animal, que exigem “enormes consumos energéticos”, contribuindo para o agravamento das emissões de gases com efeito de estufa.
Por outro lado, explica a confederação, a agricultura industrial está baseada num consumo deslocalizado e, por isso, implica enormes gastos energéticos para transporte, refrigeração, transformação e embalamento.