O projeto de investigação consiste no desenvolvimento de um ensaio piloto para avaliar o “efeito terapêutico de células estaminais em pacientes com AVC [acidente vascular cerebral]” e testar também o efeito terapêutico “de derivados de células em ensaios pré-clínicos [teste em modelos animais]”, disse à agência Lusa o coordenador do projeto, Lino Ferreira, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra.
O projeto, com um consórcio formado pelo centro de investigação, o hospital Rovisco Pais e a empresa Crioestaminal, procura desenvolver terapias que induzam “a reparação e plasticidade cerebral”, explicou o investigador.
Ou seja, permitir a regeneração das “estruturas sinápticas [zonas ativas de contacto entre neurónios]” e reorganizar a arquitetura funcional após um AVC, referiu Lino Ferreira, recordando que o único fármaco aprovado para o tratamento de AVC isquémico agudo restaura “a perfusão no cérebro isquémico”, mas leva a um “considerável dano no tecido quando o fluxo sanguíneo é restabelecido”.
O projeto de investigação é apresentado hoje nas I Jornadas do Hospital Rovisco Pais – Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro (CMRRC), que decorrem no auditório do Biocant, em Cantanhede.
O investigador coordenador do projeto salientou que o AVC “é a segunda causa de mortalidade a nível mundial e nos pacientes que sobrevivem apresenta uma grande taxa de morbidade”, havendo uma grande probabilidade de, num AVC isquémico, surgir um “défice neurológico motor ou cognitivo que pode ou não voltar à normalidade durante as primeiras semanas”.
Segundo o presidente do CMRRC, Vitor Lourenço, o projeto será desenvolvido ao longo de três anos.
“É um projeto de investigação do maior relevo”, sublinhou, frisando que os resultados poderão permitir uma recuperação das lesões provocadas por um AVC.