No relatório Europeu de Pagamentos 2015, a consultora sueca conclui que no ano passado “as perdas em Portugal resultantes do não-pagamento de faturas situam-se nos 2,3%, o que corresponde a 9.237 milhões de euros de perdas motivadas por não-pagamentos”.
Em Portugal, o prazo médio para pagamento em 2014 situou-se nos 68 dias, mais 40 dias do que a média europeia, que é de 28 dias. O Estado foi o que mais demorou a cumprir com os compromissos, ficando bem acima desta média, demorando 94 dias a pagar (mais cerca de 40 dias em média do que o acordado).
Os consumidores foram os que menos tempo levaram a pagar, demorando em média quase 40 dias, mais seis dias do que o prazo médio de pagamento definido. As empresas privadas demoraram em média quase 70 dias a pagar, mais 21 dias do que o acordado inicialmente.
O relatório destaca ainda os impactos “muito devastadores” que os atrasos no pagamento tiveram na vida das empresas. As empresas portuguesas destacaram a diminuição de liquidez (97%), a perda de receitas (62%) ou o entrave ao crescimento (58%).
Mas os atrasos também influenciaram a capacidade — ou não — de as empresas contratarem novos trabalhadores: o relatório Europeu de Pagamentos 2015 indica que “45% das empresas em Portugal acredita que não vai contratar novos funcionários por causa destes atrasos e 10% dizem que contratariam mais se os prazos de pagamento fossem cumpridos”.
A nível europeu, o estudo indica que “oito milhões de empresas [em 29 países europeus] poderiam empregar pelo menos uma pessoa, se conseguissem cobrar as suas faturas mais rapidamente”, alerta o diretor-geral da Intrum Justitia Portugal, Luis Salvaterra.
No sentido de resolver este problema, a Comissão Europeia lançou a Diretiva Europeia dos Atrasos de Pagamento que dá o direito, por exemplo, de a empresa cobrar no mínimo 40 euros mais juros de mora em caso de atraso de pagamento em transações entre empresas e setor público, lê-se no relatório.
No entanto, a nível europeu, como apenas em Portugal, a esmagadora maioria das empresas não viu resultados decorrentes da aplicação desta diretiva. Mais de 70% das empresas portuguesas e 60% entre os 29 países europeus do estudo afirmou categoricamente que a diretiva não teve impacto.
Questionados sobre se pensam aplicar as penalizações previstas na diretiva, 58% dos inquiridos em Portugal admitiu a hipótese, mas 36% nunca pensou em fazê-lo.
As dificuldades financeiras dos clientes continuam a ser a principal causa (94%) para os atrasos de pagamento, mas a ineficiência administrativa dos clientes (40%) e o pagamento tardio intencional (46%) também constam das causas apontadas pelas empresas portuguesas inquiridas no relatório.
O estudo, que reuniu dados referentes a 2014 e a 29 países europeus, conclui ainda que 70% das empresas portuguesas acreditam que os riscos de pagamento vão manter-se estáveis nos próximos 12 meses, 25% assegura que aumentarão e apenas 5% preveem uma diminuição.