Este ano, há mais queijo Serra da Estrela e mais produtores certificados, mas o preço continua estagnado nos 14 a 20 euros por quilo. «Tem-se lutado para que os produtores se agrupem e uma só entidade venda o queijo Serra da Estrela para acabar com a baixa de preço e com a venda de “gato por lebre”. Mas para isso é preciso os produtores e os autarcas quererem e todos juntos apoiarem», refere Célia Henriques, técnica da Estrelacoop.
Segundo dados da Cooperativa dos Produtores de Queijo Serra da Estrela, a produção certificada cresceu este ano para 130 mil unidades, mais dez mil queijos que em 2014. Outra boa notícia é que neste alavão – a campanha de produção – verificou-se um aumento de produtores, mais cinco que os 17 registados na anterior, que estão distribuídos pelos municípios de Trancoso, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Seia, Oliveira do Hospital, Nelas e Penalva do Castelo. Destes, Seia destaca-se por ser o concelho onde se produz mais queijo Serra da Estrela devido a dois grandes produtores. Célia Henriques adianta ainda que estes 22 produtores produzem «uma média de 30 por cento de queijo de ovelha curado», logo que não é certificado como DOP Serra da Estrela.
A técnica refere que neste momento a principal dificuldade do setor é «a diminuição da produção de leite devido ao clima», mas também os baixos níveis de exportação desta iguaria única no mundo. «Embora tenha aumentado para o mercado brasileiro e até europeu, a exportação é muito burocrática por se tratar de um produto de leite cru e também porque é um queijo sempre com “vida” e, por vezes, os consumidores não entendem os bolores que vão aparecendo», explica a responsável. A técnica da Estrelacoop, sediada em Celorico da Beira, tranquiliza ainda os produtores revelando que o pedido de autorização junto da Comunidade Europeia da utilização do cardo no fabrico do queijo está «bem encaminhado e praticamente tratado». Célia Henriques explica que «o queijo da Serra não existe», o que há é queijo de ovelha e queijo Serra da Estrela.
Este último só pode ser produzido na sua área geográfica, com leite de ovelha das raças Serra da Estrela ou Churra Mondegueira. No rótulo consta a designação “Queijo Serra da Estrela”, o logótipo DOP (Denominação de Origem Protegida), cuja entidade gestora é Estrelacoop, e a respetiva marca de certificação – um holograma numerário produzido na Casa da Moeda. A cooperativa considera que a certificação é «mais importante para o consumidor que está fora da região», pois é a garantia de que está perante «um produto de qualidade, com características únicas, produzido numa determinada região, com tradição e regras de produção a cumprir», além de contribuir para a valorização comercial do produto.