São mais 13 200 desempregados (+4,3%) que nos três meses anteriores . E são quase metade (43,9%) do total dos desempregados registados no País; há um ano eram 37,7% do total, de acordo com os últimos dados do INE.
Elísio Estanque, sociólogo e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, acredita que são na maioria dos casos pessoas com qualificações mais baixas. “Os trabalhadores menos qualificados foram varridos pela crise e são eles que estão a pagar de forma mais pesada a fatura desta crise”, precisa o investigador, alertando para os perigos do círculo vicioso que se pode criar. “As pessoas que vão ficando mais tempo no desemprego são as que vão ficando com menos energia e disponibilidade para procurar trabalho”, refere, o que acaba por afastá-las cada vez mais de qualquer hipótese de voltar a ter um emprego.
O retrato do desemprego em Portugal, de qualquer forma, está com melhores cores. O País chegou a junho com menos 59 200 pessoas sem trabalho do que no trimestre anterior, graças à criação de 87 700 novos postos de trabalho. Sobretudo os mais qualificados. A população empregada com o ensino superior registou uma subida em cadeia de 4,2% e um aumento de 16,8% no espaço de um ano. A desagregação dos dados por género mostra que este acréscimo foi mais expressivo nos homens e residual nas mulheres.
Pedro Araújo, professor da Universidade de Coimbra, duvida, no entanto, da qualidade do emprego que está a ser criado, referindo que há muitas pessoas qualificadas “que aceitam qualquer emprego independentemente das condições”.
O desemprego de longa duração – onde se incluem todos os que perderam o trabalho há mais de um ano – baixou em relação ao ano passado se se tiver apenas em conta o universo dos que estão no intervalo dos 12 a 24 meses no desemprego. Mas a soma destes com os 320,3 mil desempregados há mais de dois anos faz que o desemprego de longa duração conte já 491,3 mil pessoas.