“Sabemos que não vamos por aí!”

Não tem sido hábito escrever textos provenientes de diálogos entre amigos, mas este, até pelo facto de ser um tema que está na actualidade política e bastante controverso, entendi publicá-lo, podendo o mesmo ser considerado de co-autoria.

Não sendo mais do que a nossa opinião, acerca da divulgação de alguns nomes de candidatos, pelo círculo eleitoral da Guarda, às próximas eleições legislativas, ou seja, à Assembleia da República.
No passado dia 1 de Abril, estando à conversa com o meu amigo Luís Gonçalves, antigo vereador do PS na Câmara Municipal do Sabugal, que, por sinal, há já algum tempo que não tínhamos motivação para falar de política, surgiu o tema eleições legislativas na Guarda, nomeadamente da notícia publicada de que o professor Joaquim Brigas, Presidente do Instituto Politécnico da Guarda, seria o cabeça de lista do PS, pelo círculo eleitoral da Guarda.
Na realidade, ficámos estupefactos, uma vez que Joaquim Brigas nunca esteve associado ao PS, sendo que, por outro lado, e também “ressalvando” o dia denominado das mentiras, comentámos: “o PS já escolheu o cabeça de lista ou talvez não, porque hoje é o dia das mentiras”.
Não é que para nosso espanto, mais concretamente no dia seguinte, foi publicada a notícia de que o professor Joaquim Brigas tinha sido substituído pela professora Aida Carvalho.
Confesso que na altura ficámos algo confusos, tendo até comentado com o Luís que talvez o requisito principal para ser candidato à Assembleia da República, pelo círculo eleitoral da Guarda, é o de professor universitário.
Rapidamente, e sem analisar o currículo e a acção política de cada uma das pessoas nomeadas, concluímos que só podia ser uma brincadeira de mau-gosto, pois como é possível anunciar uma pessoa e horas depois outra. Joaquim Brigas não desistiu, foi substituído por vontade de Pedro Nuno Santos, Secretário-Geral do PS. Será que há líderes locais que têm algum peso em Lisboa? Será que o PS não está tolhido e sem rumo, nomeadamente na Guarda? Alguém consegue explicar como é que Joaquim Brigas aqui chegou? Será que não há alguns actores decorativos que estão em lugares de suposta decisão?
Mesmo sabendo de que a última decisão é de Pedro Nuno Santos e os nomes estarem sujeitos a confirmação, o impacto de lançar um nome e depois outro é muitíssimo negativo. Quais foram as ilações e as medidas políticas, no imediato, que os líderes distritais do PS tomaram? Será que a tão apregoada Comissão Política do PS, e o adjacente processo eleitoral interno, é transparente?
Aida Carvalho, não questionando a sua capacidade, é uma ilustre desconhecida, que certamente não tem sentimento de pertença pelo nosso território. Mas, na verdade outros há que são de cá e não demonstraram ser embaixadores das nossas gentes.
Retirámos alguns versos do poema “Cântico Negro”, de José Régio, que se enquadram perfeitamente no que acabámos de escrever: “Como, pois, sereis vós/ Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem/ Não, não vou por aí!”
Terminamos o texto com uma ligeira alteração a um verso do poema “Porque”, da autora Sophia de Mello Breyner Andresen: “Porque os outros se calam, mas alguns não.”


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