“É uma preocupação que a UGT tem e não só. Há muita gente preocupada, não apenas os sindicatos, mas os autarcas, as associações de pais, com este encerramento drástico, que elegeu os problemas do dinheiro, a questão financeira, em primeiro lugar, em detrimento das questões sociais”, disse o responsável. Carlos Silva falava aos jornalistas, na Guarda, à margem da sessão de encerramento do II Congresso da UGT local, que reelegeu Aníbal Ribeiro como dirigente da central sindical naquele distrito do interior do país. “Fechar uma escola realmente é um drama. É um drama para as famílias, é um drama para as crianças, porque as alternativas no interior de Portugal são muito complicadas”, disse. Segundo o responsável, “não basta, às vezes, pôr um autocarro à porta de casa”, é preciso fazer deslocar as crianças e obrigá-las a levantarem-se cedo e a chegarem tarde a casa. Carlos Silva referiu que o fecho de escolas tem “proporções dramáticas” no futuro e reconheceu que o atual Governo, “ou qualquer outro, deverá ponderar muito bem” o seu encerramento. Para o representante, os serviços públicos de proximidade “são fundamentais” para as populações, por isso o Governo deverá “voltar atrás ou, pelo menos, suspender estas políticas agressivas, nomeadamente com quem tem menos possibilidade de acorrer a serviços públicos”. O Ministério da Educação anunciou na semana passada que vai fechar 311 escolas do 1.º ciclo do ensino básico e integrá-las em centros escolares ou outros estabelecimentos de ensino, no âmbito do processo de reorganização da rede escolar. Segundo a nota, a Secretaria de Estado do Ensino e Administração Escolar concluiu mais uma fase da reorganização da rede escolar, “processo iniciado há cerca de 10 anos e continuado por este Governo desde o ano letivo de 2011/2012, com bom senso e um olhar particular relativamente às características de contexto”. O secretário-geral da UGT falou depois da importância dos sindicatos e lembrou que algumas leis, “nomeadamente na área da negociação coletiva, na área dos salários, na área da tentativa de facilitação dos despedimentos” foram travadas pela estrutura que lidera. “Estamos em vias de conseguir, espero eu, e pelo menos são essas as conversas bilaterais que têm acontecido com o Governo e também bilaterais com as entidades patronais, para que possamos ter um desiderato, ainda durante o mês de julho, talvez durante o mês de agosto, sobre o salário mínimo nacional e a política de rendimentos”, informou. O responsável entende que os portugueses “precisam de um acréscimo aos seus rendimentos” e um aumento de 15 euros no salário mínimo “não é nada”, mas é importante por que “se repercute por 12% de trabalhadores em Portugal”. “Estamos a falar de quase 500 mil trabalhadores. Para quem ganha 485 euros, 15 euros por mês faz muita diferença”, apontou. O responsável disse ainda que quando se fala em aumento de salário mínimo nacional “há um efeito bola de neve que se despoleta em todos os setores da atividade económica” porque “normalmente obriga, empurra, às subidas salariais em todos os restantes setores e é isso que o Governo quer travar”.
UGT preocupada com encerramento “drástico” de escolas no interior
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, mostrou-se este sábado preocupado com o “encerramento drástico” de escolas no interior do país e apelou ao Governo para que pondere “muito bem” a decisão.