O Tribunal da Guarda aplicou ontem a prisão preventiva ao luso-americano Allan Sharif, detido pela PJ no âmbito de uma investigação relativa à alegada prática de crimes de corrupção e burla qualificada.
O detido foi ontem ouvido entre as 16 e as 18h30 no Tribunal Judicial da Guarda, que aplicou a medida de coação de prisão preventiva por «perigo de fuga», disse aos jornalistas a advogada Eliana Machado. «Ele ficou sob a medida de coação de prisão preventiva e vai aguardar os ulteriores termos do processo em prisão preventiva», indicou, referindo que vai recorrer da decisão. «Ainda vou analisar a decisão e vou arranjar os fundamentos para poder recorrer», declarou a advogada, poucos minutos após Allan Sharif ter abandonado o edifício do tribunal e ter sido conduzido por elementos da Polícia Judiciária (PJ) ao estabelecimento prisional local, segundo fonte judicial. A PJ anunciou ontem que deteve Allan Sharif, através do Departamento de Investigação Criminal da Guarda, «em cumprimento de mandado emitido por autoridade judiciária, na localidade de Mangualde». O luso-americano, de 33 anos, «aguardava em liberdade o trânsito em julgado de dois acórdãos que o haviam condenado em pesadas penas de prisão efetivas». Segundo a PJ, os factos pelos quais está agora indiciado «terão ocorrido quando o mesmo se encontrava preso preventivamente, envolvendo outros reclusos e um funcionário do estabelecimento prisional onde se encontrava preso, e que também já foi constituído arguido». O luso-americano tinha sido, em novembro passado, condenado pelo Tribunal de Mangualde a dez anos de prisão pelo rapto de um empresário canadiano, extorsão, branqueamento e falsificação de documentos. O tribunal considerou provado que Allan Sharif «elaborou um plano criminoso» para atrair o empresário Timothy Von Kaay a Portugal e para obrigá-lo a fazer transferências bancárias de vários milhões de euros, tendo para isso reunido outros arguidos, «aliciados pelos elevados proventos». Já em agosto de 2010, Allan Sharif tinha sido condenado pelo mesmo tribunal a uma pena de prisão de 17 anos pelos crimes de burla qualificada, extorsão e branqueamento de capital, que lesaram instituições financeiras de vários países, nomeadamente dos Estados Unidos. No entanto, disse à Lusa fonte judicial, Allan Sharif tinha sido libertado na sexta-feira por ter sido ultrapassado o limite do prazo de prisão preventiva, tendo ficado obrigado a apresentar-se diariamente às autoridades.