Segundo esta associação sem fins lucrativos, com sede na aldeia de Malcata, no concelho do Sabugal, a situação verificada na barragem “conjuga perigo, falta de água de abastecimento público, biodiversidade em perda” e “desolação”.
“Tudo consequência de transvases errados e iníquos, associados às condições de exploração do conjunto hídrico: Albufeira do Sabugal + Albufeira da Meimoa [que integra o Regadio da Cova da Beira]”, justifica a direção da associação em comunicado enviado à agência Lusa.
A situação verificada “prova à evidência a absoluta necessidade de construção de um paredão, previsto no projeto original e nunca construído”, acrescenta.
Entre outros aspetos, a AMCF exige, “com urgência”, a realização de um Estudo de Impacto Ambiental, “uma vez que nunca foi feito”, e a “regulação independente dos transvases” da água da barragem.
A associação esclarece que os transvases entre as albufeiras do Sabugal e da Meimoa são geridos pela Associação de Beneficiários do Regadio da Cova da Beira e que esta “decide unilateralmente, sem estar submetida a qualquer regulação”.
“No passado mês de agosto, mais uma vez, a decisão da Associação de Regantes foi sangrar completamente a albufeira a montante (Sabugal) e manter quase a plena carga a jusante (Meimoa). Em consequência, o nível da água em Malcata é o mais baixo de sempre, o cenário é de desolação, com terras putrefactas na orla da aldeia”, descreve.
A AMCF solicitou à Câmara Municipal do Sabugal informação sobre as medidas que tomou ou pretende tomar, para fazer face à presente situação de perigosidade, sobre a construção do paredão e sobre transvases futuros.
Na opinião da associação justificam-se quatro medidas: “Eliminar, de imediato, a situação de perigosidade, retirando ferro e cimento do terreno; comprometimento com a construção do prometido paredão em Malcata, conforme previsto no projeto inicial da barragem do Sabugal; submeter a gestão dos transvases à regulação de uma entidade independente; contratar um Estudo de Impacto Ambiental ‘a posteriori’, que considere os atropelos à biodiversidade, de que o território tem sido alvo, que contemple os transvases, que estabeleça limites, que defina medidas de minimização e de compensação”.
Na quinta-feira, durante o combate a um incêndio rural de grandes proporções, o presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo, alertou para a escassez de água na barragem local, devido ao “descontrolo” na transferência para o regadio da Cova da Beira.
Recentemente, a Junta de Freguesia de Malcata, presidida por João Vítor Nunes Fernandes, também defendeu a necessidade da construção de um paredão na barragem “para controlo das diferentes cotas da albufeira”.
Segundo o presidente da Assembleia de Freguesia, Carlos Nabais, a obra, que diz constar do plano de ordenamento, é reclamada “desde que a barragem foi inaugurada, no ano 2000”.