Enfermeiros alertam para consequências do fecho de camas na Unidade da Guarda

“As consequências são gravíssimas para uma população, que fica com uma grave redução da oferta em cuidados de saúde que, já por si, tinha grandes debilidades”, refere o SEP.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou hoje que o encerramento de camas na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, devido à escassez de recursos humanos, origina consequências “gravíssimas” para os utentes.

“As consequências são gravíssimas para uma população do Interior, que fica com uma grave redução da oferta em cuidados de saúde que, já por si, tinha grandes debilidades”, refere o SEP em comunicado hoje enviado à agência Lusa.

A ULS da Guarda anunciou, na segunda-feira, em comunicado, que foi “temporariamente ajustada a oferta assistencial” no Hospital de Sousa Martins com a redução de 16 camas em vários serviços e o encerramento da Unidade de Cuidados Intermédios de Cardiologia, “passando o Serviço de Medicina Intensiva a assegurar as situações de necessidade na área, nas camas de cuidados intermédios que lhe estão alocadas”.

Aquela unidade reduziu quatro camas no serviço de Cirurgia, igual número no serviço de Ortopedia, seis camas no serviço de Pneumologia, uma de Otorrinolaringologia e outra cama de Oftalmologia, e procedeu à “deslocalização das restantes seis camas para próximo do serviço de Ginecologia”.

A fonte explica que “não foi necessário ajuste nos tempos cirúrgicos nem nas Consultas Externas” e garante que “não há serviços hospitalares em risco de fechar”.

Segundo a ULS, a medida foi tomada “para fazer face à escassez de recursos humanos agravada pela redução do horário de trabalho de 40 para 35 horas, desde dia 01 de julho de 2018, e para não colocar em causa a qualidade e segurança dos cuidados a prestar aos doentes”.

O SEP lembra no comunicado que “há alguns anos a esta parte” vem “denunciando a grave carência de enfermeiros que se verifica na ULS da Guarda e tem alertado para as consequências gravosas na qualidade dos serviços de saúde que são prestados, para além da redução dos serviços que a população terá ao seu dispor”.

“Este e os anteriores Governos têm preferido olhar para o lado e, desta forma, colocar em causa uma obrigação que lhes cabe como função social do Estado – garantia da prestação de cuidados de saúde à população”, aponta.

Acrescenta que a solução para os problemas estruturais que tem vindo a denunciar e as consequências do desinvestimento nos serviços de saúde foi a administração da ULS da Guarda “encerrar cerca de 30 camas no Hospital Sousa Martins – Guarda e três no Serviço de Internamento de Curta Duração do Hospital Nossa Senhora da Assunção – Seia”.

“Com esta decisão, só no Hospital Sousa Martins – Guarda – encerra a Unidade de Cuidados Intermédios Coronários mais quatro camas de internamento no serviço de Cardiologia, seis camas no serviço de Pneumologia, oito camas no serviço de Ortopedia, oito camas no serviço de Cirurgia e duas camas no serviço de Pediatria”, descreve o SEP.

O sindicato, que recebeu a decisão sem surpresa, mas “com grande desagrado e extrema preocupação”, exige a contratação imediata de enfermeiros para a ULS/Guarda para que a população “não fique, uma vez mais, prejudicada pelas opções políticas dos sucessivos governos”.


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