Criativo da Guarda transforma peças mecânicas e de sucata em obras de arte

As esculturas são feitas a partir de vários materiais, oferecidos por amigos, como peças de automóveis, de motos, ferros da construção civil, porcas, parafusos, anilhas, correntes, etc.

Um empregado fabril da Guarda passa algum do tempo livre a reutilizar peças de ferro mecânicas e de sucata diversa, que transforma em obras de arte com vários motivos e tamanhos.
Nuno Maroco, de 41 anos, residente no bairro das Lameirinhas, na cidade da Guarda, iniciou o processo criativo há cerca de um ano, quando esteve desempregado.
“Já tinha visto isto feito por algumas pessoas, assim umas peças pequenitas, com aproveitamento de sucata, e também decidi experimentar. Comecei por fazer umas ‘motitas’, de certa maneira diferentes, porque têm peças amovíveis, e incorporei sempre um bonequinho”, contou hoje à agência Lusa.
No início, o criativo fez umas “cinco ou seis” motas em miniatura “e as pessoas começaram a apreciar e a pedir outro tipo de objetos”. Depois disso, nunca mais parou e já executou cerca de 100 peças, a mais pequena com cerca de 15 centímetros e a maior com 60 centímetros de altura.
Elaborou réplicas de cavalos, motas, águias, dragões, leões, escorpiões, borboletas, bonecos, robôs, entre outras, explicando que também tenta fazer aquilo que as pessoas lhe pedem.
As esculturas são feitas a partir de vários materiais, oferecidos por amigos, como peças de automóveis, de motos, ferros da construção civil, porcas, parafusos, anilhas, correntes, rolamentos, colheres, componentes de computadores e mesmo berbequins e rebarbadoras sem utilidade.
“O que aparece, aproveita-se”, garante o artesão, que executa os trabalhos na garagem da sua habitação.
Nuno Maroco lembra o ditado: “o desperdício de um homem é o ouro de outro”, para dizer que o material que recicla “em vez de ir para o lixo” é reaproveitado e pode ser apreciado durante “anos e anos” pelas pessoas.
O artesão tem participado em feiras de artesanato e algumas das suas peças – inicialmente vendidas a 25 euros e atualmente a 50/60 euros – “já andam a correr mundo”.
O criativo contou ainda à Lusa que os primeiros trabalhos saíram da sua imaginação e, depois disso, começou a fazer artefactos por encomenda, ao gosto do cliente.
Na feitura de cada peça assegura que gasta entre “quatro a cinco dias”, por serem amovíveis e por necessitarem de muitos detalhes.
O processo começa com a idealização do trabalho, seguindo-se a seleção dos materiais a utilizar e a soldagem. Na parte final, o objeto é polido e envernizado.
Nuno Maroco diz que gosta de todas as peças por igual, mas destaca um candeeiro formado por “um astronauta, meio humano e meio robô”, que segura um satélite que é a base da lâmpada.
O empregado fabril lembra ainda que a reação de amigos e de vizinhos ao seu trabalho foi “ótima”, o que o deixou contente.
O seu amigo, José Anselmo, disse à Lusa que ficou “gratamente surpreendido” com o trabalho de Nuno Maroco. “Acho que devia continuar, porque ele tem pinta para fazer isto”, defende.
Neste momento, o criativo também está a apostar, em conjunto com um amigo, na criação de um protótipo de um grelhador doméstico, feito a partir do depósito de uma motorizada, um amortecedor e a jante de uma roda.


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