CDS-PP sugere anulação de memorando para construção de hospital privado na Guarda

A proposta foi hoje apresentada pelo deputado do CDS-PP Henrique Monteiro na última reunião do atual mandato autárquico da Assembleia Municipal da Guarda.

O CDS-PP propôs hoje a anulação do memorando de entendimento que foi celebrado pela Câmara Municipal da Guarda para cedência do terreno do antigo matadouro para construção de um hospital privado naquela cidade.

A proposta foi hoje apresentada pelo deputado do CDS-PP Henrique Monteiro na última reunião do atual mandato autárquico da Assembleia Municipal da Guarda, presidida por Cidália Valbom (PSD), realizada no grande auditório do Teatro Municipal.

Henrique Monteiro apresentou uma recomendação para a anulação do negócio entre a autarquia e um grupo empresarial privado, para construção de uma nova unidade de saúde, “porque não houve um concurso público com convite” a entidades locais e nacionais, justificou.

O deputado questionou se existe algum compromisso específico para o negócio ser feito com aquela entidade e se foi feita a avaliação do terreno.

“Não estou a acusar ninguém de desonestidade, mas o interesse público está aqui em dúvida”, disse.

Matias Coelho, do PS, declarou que o presidente da autarquia deve ser “claro” e expor o assunto à população da Guarda, apontando que o negócio foi feito “a 15 dias das eleições”.

Aires Dinis, da CDU, também referiu que o processo não pode ser abordado “a quinze dias da votação” para as autárquicas e referiu que “a salvação da Guarda tem a ver com um hospital público e com dimensão suficiente, não é um hospital privado”.

O deputado e líder parlamentar do PS, António Monteirinho, disse tratar-se de “mais um negócio ruinoso para a autarquia” dado que, na sua opinião, “impõe vantagens excessivas” para o parceiro privado, em detrimento da autarquia.

A cedência do terreno devia ser objeto de um amplo debate “com as forças vivas da cidade”, propôs.

Já Pedro Nobre, líder da bancada do PSD, apontou que o projeto “é uma complementaridade, não é uma concorrência” para o Serviço Nacional de Saúde.

Relativamente à alegada “pressa” na cedência do terreno ao grupo investidor, lembrou que quem está no mundo dos negócios “sabe da urgência de se fazer o negócio na hora”.

Segundo o deputado, o espaço do antigo matadouro está abandonado há 30 anos e encontra-se numa “lástima”.

A autarquia da Guarda assinou recentemente um memorando de entendimento com a sociedade Hospital Terra Quente e o fundo MedCapital e está previsto que o empreendimento, que representa um investimento superior a 10 milhões de euros, esteja concluído em 2024.

Por aquilo que foi anunciado, o futuro hospital terá consultas de várias especialidades médicas e cirúrgicas, imagiologia, exames de diagnóstico diversos, serviço de urgência, bloco operatório e internamento com cerca de 10 a 20 camas.

A autarquia estima que o investimento irá criar cerca de 180 postos de trabalho diretos e indiretos.

O projeto inclui também uma residência sénior (80 camas) e um centro de dia (30 utentes).

A proposta de cedência do terreno para o futuro hospital privado foi aprovada por maioria na última reunião do executivo municipal, liderado por Carlos Chaves Monteiro (PSD), com os votos contra dos vereadores Sérgio Costa (eleito pelo PSD, mas atualmente independente) e Manuel Simões (PS).

Na reunião de hoje da Assembleia Municipal da Guarda, a sua presidente entregou uma medalha e uma publicação sobre o trabalho realizado no mandato 2017-2021 aos antigos presidentes daquele órgão, aos familiares de dois deputados municipais falecidos e a todos os eleitos.


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