“São regiões onde a vegetação cresce mais depressa e que nos dão uma importância relevante, porque se os fenómenos climáticos vão ser mais frequentes, mais extremos, então temos de estar mais atentos às áreas que têm mais vegetação, [combustível] que suporta os fogos”, salientou Tiago Oliveira.
O responsável, que falava à agência Lusa no final de uma sessão de esclarecimento da Escola Superior Agrária de Coimbra sobre o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais 20-30, salientou que, a região Centro, em particular, tem pela frente o grande desafio “de recuperar as áreas ardidas em 2017 nos próximos anos”.
“Se isso não for feito, aquilo que é de esperar são fogos maiores e mais rápidos”, sublinhou o especialista, referindo que é importante “a capacidade de mobilizar as populações, as organizações de produtores florestais e as entidades todas para tratar da vegetação que está a renascer”.
Sobre o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais 20-30, que está em consulta pública até 05 de fevereiro, Tiago Oliveira frisou que o documento “propõe uma estratégia, uma cadeia de valor, um caminho e a forma como os múltiplos atores que participam na prevenção e no combate se têm de organizar para serem mais eficazes, mais eficientes e conseguirem gerir melhor a prevenção”.
O presidente da AGIF realçou que o plano propõe um “processo de governação de risco diferenciado, menos burocrático, mais focado nos problemas, assegurando que há quem se preocupe em salvar a vida das pessoas e a proteger o património, mas também há uma atenção em particular do Ministério do Ambiente e da gestão das florestas, para garantir a operacionalidade e boa gestão do recurso florestal”.
“Aprovando-se a estratégia e a cadeia de valor, com a distribuição de responsabilidades pelas várias entidades públicas e privadas, temos de ser capazes de, à escala regional, dizermos quais são as prioridades, quantos hectares são para limpar, quantas pessoas são para sensibilizar, quantas faixas são para fazer”, enfatizou.
Segundo Tiago Oliveira, até ao final do ano deverão estar concluídos os programas regionais e sub-regionais, que vão definir a estratégia de atuação consoante as especificidades do território.
Com um horizonte temporal de uma década, o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais prevê que em 2030 tenham sido limpos 1,2 milhões de hectares de floresta, correspondentes a “20% dos seis milhões de hectares que existem no território com risco de incêndio”.
As metas a atingir preveem ainda que dentro de 10 anos as áreas ardidas com mais de 500 hectares estejam totalmente geridas e com planos de recuperação executados, e que existam menos de 80% das ignições nos dias de risco de incêndio.
O plano prevê uma despesa superior a seis mil milhões de euros, numa média anual de 554 milhões, com um investimento expectável de 60% ser direcionado para a prevenção e 40% para o combate.