A adesão de produtores de queijo Serra da Estrela ao processo de certificação que garante a qualidade do produto produzido naquela região demarcada está aumentar, visando a consolidação junto dos consumidores.
“Temos 21 produtores a produzir o queijo com certificação nos concelhos de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Trancoso, Gouveia, Seia, Oliveira do Hospital, Nelas e Penalva do Castelo”, disse à agência Lusa Célia Henriques, técnica da Estrelacoop – Cooperativa dos Produtores de Queijo da Serra da Estrela, com sede em Celorico da Beira.
Segundo a responsável, ultimamente “tem aumentado a adesão dos produtores à certificação” e, só no último ano, “aderiram quatro”.
A técnica da entidade gestora do processo de certificação observou que o número de queijarias certificadas tem vindo a aumentar porque a qualidade do produto fica assegurada junto do consumidor.
“O certificado fica mais caro para quem produz e também para o consumidor, mas tenho sempre o escoamento garantido”, disse o produtor Júlio Ambrósio, de Prados, Celorico da Beira.
A certificação tem mais encargos para o produtor, mas acaba por ser “uma segurança para o comprador, porque sabe o que compra”, sublinhou.
Nem todos os produtores, porém, valorizam a certificação, por representar mais gastos.
“Neste momento não estou a certificar. Já certifiquei e poderei voltar a certificar. Deixei de o fazer porque temos custos acrescidos com a certificação e, depois, não é valorizado pelo mercado”, justificou Élio Silva, de Seia.
Entretanto, apesar de haver menos rebanhos na região e de a produção leiteira ser menor, a feitura de queijo não diminuiu, porque o leite de ovelha está a ser canalizado para a produção artesanal, dado que as fábricas estão a optar por comprá-lo em Espanha.
“A produção de queijo Serra da Estrela tem sido à volta de 120 mil unidades por ano”, adiantou Célia Henriques, da Estrelacoop.
Nos 18 concelhos que integram a região demarcada de produção existem cerca de 80 mil ovelhas das raças Serra da Estrela ou churra bordaleira, segundo dados da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE), que tem 3.500 associados.
Algumas das queijarias tradicionais, que estão a utilizar a denominação de origem “utilizam só o leite da sua exploração, mas outras já recorrem a leite dos vizinhos que deixaram de fazer queijo”, indicou Rui Dinis, secretário executivo da ANCOSE.
O pastor Norberto Pereira, 29 anos, de Vila Ruiva, Fornos de Algodres, tem 88 ovelhas e sempre vendeu o leite para um produtor artesanal, justificando a opção por “não ter condições para fazer o queijo”.
A região demarcada de produção do queijo Serra da Estrela integra os concelhos de Guarda, Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Gouveia, Manteigas, Seia, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Mangualde, Covilhã, Carregal do Sal, Nelas, Trancoso, Aguiar da Beira, Arganil, Tábua, Tondela e Viseu.
Fonte: Lusa in Agroportal