Durante a manhã, no centro da Guarda, ambientalistas de ambos os lados da fronteira, trajados com adereços alusivos à temática da radioatividade, distribuíram panfletos e deixaram a mensagem “Minas de Urânio? Não, Obrigado! Nem em Salamanca nem noutro lado!”.
A ação, realizada por “Os Verdes” e pelo partido congénere espanhol EQUO, teve como objetivo alertar a população para os riscos que a exploração de urânio que está a ser implementada junto à fronteira pode trazer para o ambiente e para a saúde humana nomeadamente pela propagação de partículas radioativas na atmosfera.
Segundo os ambientalistas, o complexo prevê a abertura de minas a céu aberto, a criação de uma unidade de reprocessamento de urânio (em Retortillo-Santidad, Salamanca, na bacia hidrográfica do rio Douro) e um depósito de resíduos radioativos.
Uma das minas será na zona de La Alameda de Gardon, localidade que dista cerca de oito quilómetros da fronteira.
“Nós abandonámos as nossas explorações [de urânio] no virar do século e não queremos agora sofrer dos impactos que esta exploração junto à fronteira poderá trazer para o nosso país”, disse aos jornalistas Miguel Martins, dirigente do Partido Ecologista “Os Verdes”.
O responsável alertou que a exploração em causa “tem impactos gravíssimos não só para Espanha como para Portugal”, o que levou à apresentação de uma queixa na Comissão Europeia.
O partido também vai voltar a questionar o Governo “para saber se já houve alguma informação por parte do governo espanhol” sobre o projeto, uma vez que em julho a informação existente “era escassa”.
A proximidade da exploração de urânio da fronteira levou já “Os Verdes” a reunirem com a Câmara Municipal de Almeida e esta tarde, às 15:00, reunirão na Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, distrito de Bragança.
A porta-voz do partido espanhol EQUO em Castela e Leão, Marta Santos, referiu que a exploração de urânio que é contestada representa “muito perigo para a saúde humana” e fica numa zona onde correm dois rios afluentes do Douro.
“O perigo para Portugal pode ser a água, pode ser o rio Douro”, avisou, considerando “inadmissível para o Governo português ter este perigo às portas da fronteira, porque estas minas não vão trazer qualquer benefício para Portugal”.
Marta Santos informou que os ambientalistas espanhóis lutam a vários níveis para que o projeto não seja executado, estando agendada uma manifestação para o dia 30, às 12:00 [11:00 pela hora portuguesa], para a localidade de Retortillo-Santidad.