O interior “entrou para a preocupação política, da esquerda à direita” refere Álvaro Amaro

O autarca social-democrata e mentor do Movimento pelo Interior diz ainda que é necessário “diminuir custos de contexto”, como é o caso das portagens.

O presidente da Câmara Municipal da Guarda e um dos mentores do Movimento pelo Interior, Álvaro Amaro, considerou hoje que o interior “entrou para o discurso político”, mas “ainda manifestamente pouco”.

“Temos aqui algum ganho de causa. [O tema] entrou para o discurso político. Diria que entrou para a preocupação política, da esquerda à direita. É verdade. É bom. Isso é bom. Agora, é ainda manifestamente pouco”, disse hoje o autarca social-democrata à agência Lusa.

Segundo Álvaro Amaro, é preciso que o país possa “caminhar a uma velocidade maior” se não quiser “desperdiçar muito mais tempo”.

Por isso, em sua opinião, nos próximos 12 anos, que é o período para que apontam as medidas propostas pelo Movimento pelo Interior, “tem que haver alguma despesa pública virtuosa” e também mudanças em matéria fiscal.

“Tem que haver coragem para podermos incentivar os grandes investimentos. Sejam nacionais, sejam estrangeiros, para se poderem fixar nestes territórios do interior”, aponta.

O autarca social-democrata e mentor do Movimento pelo Interior diz ainda que é necessário “diminuir custos de contexto”, como é o caso das portagens.

“Há uma medida de diminuir um pouco as portagens para os transportes de mercadorias. Sim senhor. Então para as pessoas? E o turismo não é uma alavanca para os territórios do interior?”, questiona.

E acrescenta: “Então não deve haver um programa operacional vocacionado apenas para os territórios do interior? Que é isso que nós propomos. Tem que haver”.

O autarca do PSD também reconhece que nos últimos meses recuperou-se alguma coisa, nomeadamente “no discurso”, mas, face ao atraso em que o interior do país se encontra, é preciso trabalhar-se “com uma velocidade maior”.

Sobre a instalação da Secretaria de Estado da Valorização do Interior em Castelo Branco, Álvaro Amaro diz que “não tem significado”, nem efeito “nenhum”.

“Efeito sim, era que a Secretaria de Estado ficasse em Lisboa e a Direção-Geral A e a B e a C pudessem vir para as cidades do interior. Isso é que é importante. O secretário de Estado e o ministro podem estar em Lisboa, lá é que é a sede do Governo”, concluiu.

O autarca da Guarda, que é também presidente dos Autarcas Social-Democratas, disse à Lusa que, no fim de semana, ficou “muito contente” ao ler num semanário que, até ao próximo verão, o Presidente da República vai promover um Conselho de Estado sobre as questões do interior.

“Eu saúdo vivamente, muito vivamente [o Presidente da República]. Estou-lhe muito grato, como homem nascido e criado, e hoje responsável político numa cidade do interior, por mais um enorme impulso de discutir isto ao mais alto nível do Estado”, disse.

O Movimento pelo Interior foi criado no final de 2017 exclusivamente com o objetivo de apresentar um conjunto de medidas para corrigir os desequilíbrios estruturais do país, após o que se extinguiu.

Este movimento defendeu, entre outras propostas, a transferência de serviços públicos com incentivos para funcionários e uma dotação do Estado de pelo menos 200 milhões de euros para financiar programas de habitação nestes territórios.


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