Novos agricultores ajudam Idanha-a-Nova a combater o despovoamento

Os novos agricultores olham para Idanha-a-Nova como uma terra de oportunidades e tentam inverter, com a ajuda do município, a realidade de um dos concelhos mais envelhecidos e despovoados do país, com 6,8 habitantes por quilómetro quadrado.

São cada vez mais os jovens que respondem ao apelo do município – “Em Idanha há um lugar para ti. Não emigres. Migra!”, – uma campanha que tem como objetivo atrair e fixar jovens no concelho, sobretudo em áreas nas quais o abandono das terras era quase total. Na Herdade do Couto da Várzea, onde a Câmara de Idanha-a-Nova criou uma Incubadora de Empresas de Base Rural, Thalia Willms, 29 anos, trabalha os três hectares que lhe foram atribuídos na plantação de mirtilo. Licenciada em Nutrição Humana e Qualidade Alimentar, esta jovem de origem alemã deixou Seia e foi há dois anos para Idanha-a-Nova, “por opção e por gosto”. “Gosto muito daquilo que faço. Neste momento, a agricultura é o único setor que dá alguma coisa. É uma aposta no futuro”, salientou. Filha de pais alemães, Thalia Willms já nasceu em Portugal (Seia) e estudou em Castelo Branco, na Escola Superior Agrária. “Esta é uma vida diferente. Levanto-me todos os dias às 04h30 e trabalho até bem tarde. Mas estou a fazer o que gosto”, explica à agência Lusa. A jovem não tem quaisquer dúvidas de que a agricultura “está na moda”, muito por culpa da crise económica e financeira que afetou Portugal. “É um setor com pernas para andar e é na agricultura que temos que apostar. O país tem bons terrenos que não estão a ser aproveitados. Sinto-me realizada”, refere. Margarida Serras, 39 anos, nasceu e viveu até há alguns meses em Lisboa. Licenciada em Engenharia Agrícola pela Universidade de Évora, criou uma empresa agrícola com um grupo de amigos. “Não tinha qualquer ligação a Idanha-a-Nova. Um dos sócios já conhecia a região”, explicou. A Incubadora de Base Rural foi fundamental para optar por Idanha-a-Nova, “possibilitou ter estes 12 hectares”, sendo que o projeto inicial incluiu quatro hectares, um para as groselhas e mais três hectares para as amoras. Margarida Serras deixou o emprego que tinha na Galp e, em junho, fez as malas e rumou a Idanha-a-Nova. “Temos que tomar opções. Não estou nada arrependida”, diz. António Fonseca tem 44 anos. Vivia em Lisboa, apesar de ter nascido em Aveiro. Desde 2013 que está no Couto da Várzea e decidiu apostar no figo da índia. Arquiteto de formação, projetista de instalações solares, tem ainda formação na área do ordenamento do território e do ambiente. Em 1998, teve o seu primeiro contacto com as culturas do figo da índia e de aromáticas. António Fonseca explica que o figo da índia e a própria planta têm “uma aplicação infindável”, que vai desde o consumo humano até à utilização nas indústrias farmacêutica e cosmética. A Incubadora de Empresas de Base Rural foi a porta de entrada destes jovens na agricultura. A estes, juntam-se muitos outros que atualmente exploram os 512 hectares de terreno disponibilizados pela autarquia. O presidente da Câmara de Idanha-a-Nova sabe que este é apenas o início de uma longa “guerra” contra o despovoamento. “O programa ‘Não Emigres. Migra!’ visa motivar jovens para um projeto de vida e que aqui se possam fixar. Atendendo às circunstâncias que o país vive, que vejam no mundo rural uma oportunidade para a sua vida”, refere Armindo Jacinto.


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