A classificação da aldeia histórica de Linhares da Beira como conjunto de interesse público, por portaria publicada em Diário da República, foi recebida com satisfação pela Câmara Municipal de Celorico da Beira.
«É motivo de satisfação e de regozijo para o concelho de Celorico da Beira e, essencialmente, para a população que vive em Linhares da Beira», disse à agência Lusa o vice-presidente da Câmara, responsável pelo pelouro da cultura, José Luís Cabral. A portaria, assinada pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, refere que a classificação da antiga vila reflete o seu interesse «como testemunho notável de vivências ou factos históricos». A decisão também atende «ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística, à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva e à sua importância do ponto de vista da investigação histórica ou científica». O autarca José Luís Cabral referiu que a classificação «é mais que merecida», por considerar que a localidade é, «em termos das aldeias históricas, das mais bonitas» e o seu património encontra-se «bem conservado». «É um postal vivo que faz com que o próprio turista procure esta aldeia», referiu o vice-presidente da Câmara de Celorico da Beira, salientando tratar-se de «uma aldeia nobre», onde a preservação e conservação dos imóveis está bem patente aos olhos do visitante. O texto da portaria sublinha que tendo em vista a necessidade de salvaguardar o conjunto são fixadas várias restrições, a começar pela área envolvente do castelo de Linhares da Beira que é considerada «zona ‘non aedificandi’» (não edificante). «Em qualquer intervenção deverão ser mantidas as fachadas das construções existentes e são interditas quaisquer ampliações quer em altura quer do logradouro, salvo em caso de insalubridade verificada por entidade competente», também define. Linhares da Beira, antiga sede de concelho e de comarca, tem «origem antiquíssima e documentada desde a Alta Idade Média» e «era já um reduto fortificado no reinado de D. Sancho I, prova da importância estratégica no contexto regional», assinala o documento. «Erguida a cerca de 800 metros de altitude, a vila conserva o traçado urbanístico medieval praticamente intacto, genericamente datado do reinado de D. Dinis, e um edificado urbano onde se podem observar diversos elementos arquitetónicos manuelinos presentes em antigas casas nobres, igrejas e vestígios da importante comunidade judaica, uma das forças mais dinâmicas da localidade durante a Baixa Idade Média», acrescenta. O castelo, «com grandiosa torre de menagem, é o principal elemento patrimonial da vila, compondo um conjunto militar medieval de primeira importância na Beira Interior», acrescenta.