Um dia depois de Bruxelas ter aprovado a oitava tranche para Portugal, os juros da dívida continuam em alta no mercado secundário.
Esta sexta-feira parece ser um dia de recuperação nos mercados financeiros, que ontem tombaram na reação ao fim anunciado dos estímulos nos EUA, mas os juros da dívida portuguesa não acompanham a tendência global e continua a agravar-se no mercado secundário em todas as frentes. Nos títulos a 10 anos, a ‘yield’ implícita subia 12 pontos base para 6,421%, a segunda subida consecutiva. Ao mesmo tempo, a cinco anos, os juros da dívida cresciam até aos 5,378%. Também nos títulos de curto-prazo se registavam subidas nos juros. Os juros associados aos títulos a dois anos, por exemplo, progrediam para 3,510%. Já esta semana, na emissão de dívida de curto prazo de quarta-feira, Portugal, tal como acontecera com Espanha no dia anterior, colocou Bilhetes do Tesouro a um preço mais caro do que na operação anterior. Segundo ‘traders’, parte da subida das ‘yields’ é explicada pelas palavras do presidente da Reserva Federal norte-americana, Ben Bernanke, que admitiu quarta-feira que os estímulos à economia norte-americana deverão terminar já no próximo ano. Esse efeito assombrou as bolsas e poderá estar a amenizar as decisões tomadas em Bruxelas, de libertar a oitava tranche para Portugal e de estender as maturidades dos empréstimos. Ao contrário do que aconteceu nas sessões anteriores, o desempenho da dívida portuguesa está hoje em contra-ciclo com o sul europeu. Em Itália e em Espanha, a taxa de juro exigida pelos investidores para absorver dívida pública diminui em todas as frentes, corrigindo das subidas dos últimos dias. No caso italiano, a ‘yield’ a 10 anos descia para os 4,481%. Esta mesma maturidade, mas no caso espanhol, regredia para os 4,796%.