Luís Mendes, 37 anos, começa amanhã a ser julgado depois de ter sido detido no passado mês de dezembro, por abusos sexuais a menores.
“Só quero que se faça justiça.Que ele pague por tudo o que me fez a mim e a todos os que ninguém sabe.” Manuel (nome fictício), uma das seis vítimas do padre Luís Mendes, vice-reitor do Seminário Menor do Fundão, não esconde a sua revolta. Visivelmente desgastado com um caso que se arrasta há vários anos – denunciou o padre em 2007, mas ninguém, na altura, lhe deu ouvidos – o jovem, hoje com 21 anos, está nervoso. O aproximar do julgamento, já amanhã, e a possibilidade de voltar a cruzar-se com Luís Mendes têm-lhe também roubado a paz nos últimos tempos. Os comprimidos que durante meses o mantiveram “adormecido” foram agora abandonados. Manuel garante que quer depor, sem qualquer reserva. “Foi por isso mesmo que deixei a medicação. Sentia que estava apático, não reagia. Eu sei o quanto é difícil, mas preciso de contar tudo. Quero que se faça justiça.” Manuel deverá ser uma das primeiras testemunhas a deporem amanhã, durante a manhã, no Tribunal do Fundão. Também a sua mãe será inquirida, devendo recordar o que o filho lhe contou, em 2007, quando o padre era seu professor no externato. “Só soube alguns meses depois. Eu sabia que alguma coisa se passava, uma mãe sente sempre”, garante ao jornal Correio da Manhã a mulher, que assegura: “Nada me devolverá o meu filho. Perdi-o durante muitos anos, foi muito difícil.” Amanhã deverão ainda ser inquiridos os inspetores da Judiciária da Guarda que trabalharam o processo e detiveram o padre em dezembro do ano passado. Os médicos que fizeram as perícias aos jovens e os especialistas que avaliaram Luís Mendes também deverão ser ouvidos: concluíram que o padre, em prisão domiciliária, é manipulador e que caso fique em liberdade voltará aos abusos sexuais.