É uma das conclusões do estudo demográfico realizado pelas universidades de Aveiro, Beira Interior e Coimbra e Institutos Politécnicos de Castelo Branco e Leiria e apresentado esta manhã no Fundão.
Segundo o estudo, se nada for feito, dentro de 30 anos serão menos 157 mil pessoas na faixa que vai desde Trás os Montes ao Alentejo. Um problema demográfico que não é nacional mas sim regional, é o primeiro mito que este estudo vem quebrar “se não for revertida a situação o interior do país terá menos 30% da população do que tem atualemente, sem entrar nem sair ninguém, não é por saírem pessoas, apenas porque os que morrem são muito mais do que aqueles que nascem”. Eduardo Castro, professor na Universidade de Aveiro e coordenador do estudo denominado Demospin, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Outro mito que cai por terra é que o declínio demográfico tem a ver com a migração do interior para o litoral. O problema está no perfil deste fluxo migratório já que no interior estão a entrar idosos e a sair jovens “porque é que os jovens vão embora e entram idosos? primeiro porque a atratividade do interior em termos de sossego e qualidade de vida é melhor para certos grupos etários do que para os jovens ou porque o perfil de emprego que aqui existe não interessa aos jovens, o que nós dizemos é que tem que haver um estudo sério, por parte dos decisores políticos, de como atrair jovens para o interior do país, é a única maneira de reverter esta situação”. O estudo, que analisa também a componente económica, aponta para uma perda de 20 a 30% do emprego no interior do país, mas ainda assim não haverá gente suficiente para o emprego que exista “o que é expectável é que a produção diminua, vamos por o cenário ou que diminua, ou que fica como está agora, a mesma produção significa menos emprego ou uma produção menor significa muito menos emprego, e é isso que nós esperamos, reduções de 30 a 20% do total do emprego face ao que há agora, o que é espetacular é que mesmo com isso, as pessoas que restam não são suficientes para esse emprego reduzido, ou seja, há menos emprego mais vai haver ainda menos pessoas”. Outro dado impressionante é o caso do Pinhal interior sul, que engloba os concelhos de Vila de Rei, Oleiros, Sertã e Proença a Nova, e que é apontado como o pior exemplo à escala europeia. Estes 4 concelhos reduziram a população de 90 mil habitantes, em 1950, para 40 mil em 2010. Segundo o estudo, em 2040 serão apenas 26 mil, sendo que destes apenas 3.500 serão menores “o pinhal interior sul é o caso mais espectaular mas toda a faixa que vai desde Bragança até ao Alentejo, tem um problema semelhante, referi o pinhal interior sul porque é ligeiramente pior que os outros, mas não é muito pior que os outros”. Segundo os responsáveis do estudo o principal objetivo é alertar as autoridades para a necessidade de tomar medidas no imediato já que os resultado só serão visíveis dentro das próximas décadas.