As instalações da antiga fábrica da Delphi da Guarda, com mais de 50 mil metros quadrados de área, estão à venda por uma empresa imobiliária especializada, quatro anos após o encerramento.
Um cartaz de grandes dimensões, colocado no lado esquerdo da entrada da antiga fábrica, exibe em letras gordas a informação: “Vende-se unidade industrial”. A maioria dos ex-trabalhadores da fábrica Delphi da Guarda, que iniciou o processo de despedimento há quatro anos, já não recebe subsídio de desemprego, situação que “origina situações de exclusão social e de pobreza”, denunciou hoje fonte sindical. A administração da empresa Delphi/Guarda anunciou aos sindicatos, a 26 de outubro de 2009, que os primeiros 300 trabalhadores iriam ser despedidos no dia 31 de dezembro daquele ano. A medida, justificada pela administração com a redução das encomendas devido à atual crise económica, levou ao encerramento da fábrica a 31 de dezembro de 2010, quando tinha 321 trabalhadores, que se juntaram a mais 601, dispensados anteriormente. “Muitos trabalhadores continuam em cursos do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), mas a maioria já não recebe subsídio de desemprego, o que origina situações de exclusão social e de pobreza”, disse hoje à agência Lusa Pedro Branquinho, coordenador da União dos Sindicatos da Guarda. Pelas contas do responsável, cerca de meia centena de ex-trabalhadores, a maioria mulheres, conseguiram novo emprego em duas fábricas locais ligadas à indústria automóvel: Dura Automotive Portuguesa – Indústria de Componentes Automóveis e Coficab Portugal – Companhia de Fios e Cabos. Pedro Branquinho tem também conhecimento de muitos ex-operários que não conseguiram novo emprego na região ou no país e acabaram por emigrar e de outros que apostaram na criação do próprio posto de trabalho. Quatro anos após o declínio daquela que foi a maior unidade empregadora do distrito da Guarda, chegando a ter cerca de três mil operários, o sindicalista reconhece que “a zona da Guarda-Gare perdeu 50% da sua atividade económica” e assistiu a “encerramentos sucessivos de pequenos estabelecimentos”. A Delphi estava instalada junto da estação da CP, na Guarda-Gare, desde meados da década de 1980, em instalações que anteriormente pertenceram a uma fábrica da Renault.