Futuro IP3 entre Coimbra e Viseu com portagens durante 30 anos

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O novo projeto rodoviário do IP3, para ligar Coimbra a Viseu, vai ser pago integralmente pelos operadores privados e pelos utilizadores, através da cobrança de portagens nos diversos troços previstos.

O Diário Económico sabe que está previsto o lançamento de uma concessão a privados como as de primeira geração, como a Brisa, em que a receita será exclusivamente baseada no risco de tráfego, sem qualquer comparticipação de verbas estatais.

Com cerca de 18 mil veículos/dia e uma elevada percentagem de veículos pesados, o atual eixo do IP3 constitui um dos trajetos essenciais para o transporte de mercadorias para exportação, pelo que a introdução de portagens deverá gerar contestação.

Entre as duas únicas vias rodoviárias alternativas ao atual IP3 em direção à fronteira espanhola existe um vão de 140 quilómetros de distância, com a A25 a Norte, e a A23, a Sul, mas ambas com portagens.

O Diário Económico sabe que para um prazo de concessão estabelecido por 30 anos, o investimento global deverá atingir 399 milhões de euros (81 milhões em investimento operacional), enquanto as receitas de portagens estimadas deverão ascender, no mesmo período, a cerca de 456 milhões de euros.

“O futuro IP3, entre Coimbra e Viseu, é de uma vital importância estratégica, tendo sido, aliás, o segundo projeto rodoviário [mais prioritário] do PETI [Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas], a seguir ao Túnel do Marão, que se encontra em fase de conclusão. Claro que numa concessão deste tipo, em que o risco é integralmente privado, o seu conteúdo terá de ser flexível”, adiantou António Ramalho, presidente da IP – Infraestruturas de Portugal, em declarações ao Diário Económico.

António Ramalho quer com isto dizer que o projecto está longe de fechado, havendo em cima da mesa diversas opções de traçado, que podem ser opcionais ou complementares, além da possibilidade de faseamento de construção ou requalificação dos troços em análise.

O novo projecto do IP3 foi apresentado por António Ramalho, presidente da IP, na passada sexta-feira ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, junto à barragem da Aguieira, em Mortágua, distrito de Viseu.

Nessa ocasião, António Ramalho explicou que o cenário-base para este empreendimento, que terá 83 quilómetros de extensão, tem por objetivo criar um eixo rodoviário em perfil de auto-estrada no Centro do País, entre a atual A13, em Coimbra, e a A25, em Mangualde, com ligação a Viseu e à A1, em Condeixa.

Estão previstas quatro etapas: a primeira tem a ver com o aproveitamento do IC12, entre Santa Comba Dão e Nelas, já construído, numa extensão de 21 quilómetros.

O objetivo é o aproveitamento de um ativo importante, uma autoestrada já existente que significa 25% da distância entre os dois destinos do futuro IP3. Para esta fase, está previsto um investimento operacional de 18 milhões de euros.

A segunda etapa passaria pela duplicação da via em serviço no troço entre a Aguieira e Santa Comba Dão, numa extensão de nove quilómetros, para passar a ter perfil de auto-estrada, num investimento estimado 31 milhões de euros (15 milhões de investimento operacional).

Além de rentabilizar um investimento recente do IP no atravessamento da barragem da Aguieira, – a nova ponte sobre a foz do Dão, que custou dez milhões de euros, foi inaugurada na passada sexta-feira – seriam introduzidas portagens em todo o troço, incluindo nesta ponte. Está a ser estudado o ‘modelo francês, de sentidos reversíveis 2+1, com redução do valor de portagem a cobrar em 50%.

A terceira etapa deste empreendimento rodoviário passaria pela construção de um novo troço do IC12, entre Canas de Senhorim e Mangualde (até à A25), numa extensão de 22 quilómetros.

O investimento previsto é de 100 milhões de euros (dos quais 18 milhões são investimento operacional), enquanto as receitas de portagens esperadas ao longo dos 30 anos da concessão são de 56 milhões de euros. Este prolongamento do IC12 até à A25 tem nós previstos em Canas de Senhorim, Nelas, Mangualde e no acesso à A25. Prevê-se a captação de tráfego da A25, encurtando a distância para Coimbra e Leiria, devendo ser dada prioridade ao tráfego de pesados.

A quarta e última etapa deste projecto também prevê construção nova, numa extensão de 31 quilómetros, sempre em perfil de autoestrada, entre a A13, em Coimbra, e a barragem da Aguieira.

Está previsto um investimento de 250 milhões de euros (30 milhões na vertente operacional) e a cobrança de 299 milhões de euros em portagens. Existem ainda alternativas na ligação a Norte, a Viseu, e a Sul, a Coimbra, que poderão substituir ou adicionar-se às propostas do cenário-base do novo IP3.

Ao contrário do que é normal, António Ramalho decidiu abrir já o processo de consulta pública deste projeto, por um período de 90 dias, para ouvir os respetivos ‘stakeholders’, desde autarquias, empresários ou associações empresariais e potenciais investidores, enquanto simultaneamente a IP vai elaborando os respetivos projetos.

As obras do novo IP deverão arrancar entre o segundo semestre de 2016 e 2017, podendo o futuro vencedor da concessão concretizar este projeto de forma faseada, à semelhança do que aconteceu na A1.


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