A população de Foz Coa poderá ver este ano o cinema do cineasta espanhol Luis Buñuel, da portuguesa Teresa Villaverde e do canadiano Denis Côté no Festival CineCoa, descrito pelo diretor, João Trabulo, como “um ato de resistência”.
A terceira edição do CineCoa – Festival Internacional de Cinema de Vila Nova de Foz Coa decorrerá em outubro naquela localidade, mas terá duas extensões em setembro em Lisboa e no Porto com parte da programação, hoje apresentada na capital. João Trabulo, diretor artístico do CineCoa, afirmou à agência Lusa que na localidade transmontana “todos os habitantes vão ver o festival”, uma “festa do cinema”, onde se percorrem várias cinematografias. O festival acontece “no interior profundo”, como recordou o presidente da autarquia, Gustavo Duarte, na conferência de imprensa; uma situação geográfica que leva, segundo João Trabulo, a uma “grande limitação e escassez de eventos culturais”. “É muito difícil, mas as coisas fazem-se. Neste momento, é mais difícil ainda, porque assistimos a uma grande devastação da cultura em Portugal, ao nível de meios, de apoios. É um grande ato de resistência. Não sabemos até quando vamos aguentar”, sublinhou o diretor. Este ano, a programação inclui uma retrospetiva da obra do realizador espanhol Luis Buñuel, que inclui “Nazarin” (1958), “Cão andaluz” (1929) e “Bela de dia” (1967), e duas exposições relacionadas com o cineasta, uma no Museu do Douro, outra no Museu do Coa. No Museu do Douro, em colaboração com a Filmoteca Espanhola, estará patente uma exposição de fotografias registadas por Buñuel no México, no trabalho de produção de alguns dos seus filmes. No Museu do Coa estará patente uma coleção de placas de vidro, pertencentes à família de Buñuel, que dado o caráter estereoscópico, podem ser apreciadas como se fossem em 3D. O festival irá ainda fazer uma retrospetiva, talvez a primeira em Portugal – afirmou João Trabulo – da obra da de Teresa Villaverde, uma realizadora que “tem sido um pouco esquecida em Portugal”. A retrospetiva incluirá três filmes emblemáticos da realizadora: “A idade maior” (1990), “Três irmãos” (1994) e “Os mutantes” (1998), a par do recente “Cisne” (2011) e a curtíssima “Amapola”, encomendada este ano pelo festival de Veneza. Embora as exposições se estendam por mais tempo, o CineCoa acontecerá de 10 a 13 de outubro tendo dois cine-concertos, na abertura e no encerramento. A abertura acontecerá com a exibição de “O navegante”, filme mudo de 1924 de Buster Keaton, que terá música ao vivo de Carlos Bica (contrabaixo) e João Paulo Esteves da Silva (piano). O encerramento ficará por conta do filme “L’age d’or”, de Buñuel, com interpretação musical ao vivo do alaudista holandês Jozef van Wissem. As extensões do festival em Lisboa e no Porto, contarão com a exibição da obra do realizador canadiano Denis Côté, distinguido este ano em Berlim com o filme “Vic+Flow on vu un ours”. Este filme não será mostrado no festival, mas Denis Côté estará em Portugal para mostrar, por exemplo, “Carcasses” (2009) e “Les états nordiques” (2005). A atriz Joana de Verona teve este ano carta branca para programar, tendo escolhido os filmes “Como desenhar um círculo perfeito”, de Marco Martins, e “O rio sagrado”, de Jean Renoir.