A partir de 1 de outubro as empresas vão poder contar com a ajuda da Agência Nacional para a Inovação (ANI) para garantir uma ligação mais direta às universidades, para que estas lhes resolvam problemas concretos, para ter uma participação crescente nos programas europeus de apoio ao empreendedorismo e à investigação e desenvolvimento e para gerir melhor as verbas do novo quadro comunitário de apoio (Portugal 2020).
A sucessora da antiga Agência de Inovação (AdI) – extinta e integrada no IAPMEI por este Governo e, posteriormente, autonomizada deste instituto – vai ser presidida por José Carlos Caldeira, administrador executivo do Produtech – Pólo das Tecnologias de Produção e diretor do INESC Porto, e terá a sua sede no Porto. Na assembleia-geral da ANI, que se realizou sexta-feira, foram aprovados os estatutos da agência, a nova administração e a comissão executiva. Miguel Barbosa, do Centro de Investigação Fraunhofer Portugal, e Paulo Cunha, ex-vice-presidente executivo da AdI, são os outros dois administradores, um nomeado pela Fundação da Ciência e Tecnologia e outro pelo IAPMEI, os dois acionistas desta nova estrutura.
“A ANI vai estar focada em problemas concretos das empresas”, disse ao Diário Económico o secretário de Estado da Inovação. Pedro Gonçalves frisou que “a missão da agência é transmitir conhecimento entre as empresas e o sistema científica nacional, estando focada nas necessidades de conhecimento das empresas”.
Para isso, a agência vai contar com “um parceiro estratégico em inteligência e conhecimento” – a Cotec. Além de promover esta proximidade a associação empresarial para a inovação, vai avaliar o trabalho da ANI. “A agência pública deve ser monitorada pelos clientes”, justifica Pedro Gonçalves, acrescentando que não será paga qualquer remuneração à Cotec, já que se trata de “uma relação ‘win win’”. Os responsáveis desta associação, Daniel Beça e João Bento, são dois dos 12 nomes que vão compor o conselho consultivo da ANI.
Com um orçamento que deverá oscilar entre os três e os quatro milhões de euros e um ‘staff’ de 50 pessoas, a ANI deve “intervir ao nível do sistema de inovação, criando os incentivos corretos para que as empresas inovem”; disseminar as boas práticas; mas também acompanhar e implementar os fundos estruturais do Portugal 2020 e centralizar o acompanhamento dos programas internacionais como o Horizonte 2020, o Cosme (na componente não financeira), o Eureka ou da Agência Espacial Europeia (ESA). “Os programas europeus e nacionais não estavam interligados”, lamenta Pedro Gonçalves.
A ANI vai atuar ao nível dos projectos individuais que apresentam candidaturas aos sistemas de inovação – seria, por exemplo, o caso da Stab Vida, a primeira empresa portuguesa que vai receber um apoio de 50 mil euros do novo Horizonte 2020 para fazer um estudo sobre a viabilidade dos seus projetos. Mas também dos projetos de maior dimensão, tarefa que dividirá com a Aicep, e de co-promoção entre as universidades e as empresas. O projecto de investigação que a Bosh está a desenvolver com a Universidade do Minho para criar tecnologia multimédia para a industrial automóvel é um bom exemplo de projetos demonstradores que a agência vai querer disseminar.
“Com a ANI queremos potenciar o investimento na inovação e o investimento em produtos exportáveis”, explica Pedro Gonçalves lembrando que a inovação pode ser ao nível do produto, do processo ou dos equipamentos. Com uma inovação em mãos as empresas vão necessitar de aumentar a capacidade de produção e para isso necessitam de capitais próprios ou alheios, onde os fundos de ‘private equity’ e o novo banco de fomento vão desempenhar um papel fundamental.