Na sua folha trimestral, o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica, considera que o desempenho da economia nacional em 2014 vai depender da “intensidade da recuperação do investimento e da manutenção de níveis robustos de crescimento das exportações”.
Destacando a “continuada descida das taxas de juro”, os “ligeiros crescimentos no investimento” e o “saudável crescimento das exportações”, os economistas do NECEP alertam, no entanto, que “as restrições e incertezas de caráter orçamental são o maior risco desta previsão”.
O NECEP adverte ainda que “os sinais positivos de recuperação (…) podem estar demasiado influenciados por uma mudança rápida e favorável das perspetivas da generalidade dos agentes económicos, não podendo ser excluída a hipótese de uma sobre reação no curto prazo”.
Além disso, a Católica refere que os “desafios de caráter orçamental não foram ainda ultrapassados”, considerando que “há já um grande desgaste das autoridades que poderão abrandar esse esforço na primeira oportunidade”.
Para o primeiro trimestre, os economistas da Universidade Católica esperam que a economia tenha crescido 0,2% em cadeia e 2,2% em termos homólogos, registando “o quarto trimestre consecutivo de crescimento e mantendo o quadro de recuperação do último trimestre de 2013”.
Quanto à taxa de desemprego, a estimativa é de que esta tenha registado “uma ligeira descida” no primeiro trimestre, para os 15,1%.
Apesar de referir que a generalidade dos indicadores “abandonaram mínimos históricos e alguns regressaram aos seus valores médios”, o NECEP sublinha que “a economia portuguesa ainda não regressou à normalidade, tendo recuperado apenas cerca de 2% dos 7% que contraiu face a meados de 2010”.
Os técnicos da Universidade Católica consideram que “a recuperação [económica] até aos patamares de 2010 poderá ser relativamente rápida”, mas alertam que, “a partir desse nível, as restrições e custos de financiamento podem pesar negativamente no crescimento do investimento e, por conseguinte, na evolução do PIB a médio prazo”.
Para 2015, o NECEP também reviu em alta a sua projeção: em janeiro, estimava que a economia portuguesa crescesse 1,4% e, agora, calcula que cresça 2% no próximo ano, embora considere que “há fatores de incerteza que dificultam este exercício de previsão”.
Entre estes fatores, o NECEP destaca o elevado nível de endividamento da economia portuguesa, que “pode limitar a recuperação rápida do investimento observada em ciclos recessivos anteriores”.
O Governo e os credores internacionais preveem que a economia portuguesa cresça 1,2% em 2014 e 1,5% em 2015. Quanto à taxa de desemprego, antecipam que seja de 15,7% este ano e de 14,8% no próximo.