O presidente do Banco Central Europeu expressou ontem as suas preocupações com a força do euro, que funciona como travão a um crescimento mais robusto no bloco. A moeda única ganha 6,7% no último ano, e atingiu esta semana o valor mais elevado desde 2011, acima de 1,39 dólares. “A taxa de câmbio é extremamente relevante para a nossa avaliação da estabilidade de preços”, disse ontem Mario Draghi em Viena.
A força da moeda europeia é resultado do sucesso do BCE na estabilização da zona euro mas é também um dilema, principalmente para as empresas exportadoras. O PIB das 18 nações que compõem o euro está a crescer menos que os seus principais concorrentes e empresas como a Adidas já alertaram para a pressão que uma moeda forte exerce nas suas exportações.
“A única coisa que Draghi não disse é que o euro está brutalmente alto. Têm existido cada vez mais comentários de responsáveis do BCE que expressam a sua preocupação com a força da moeda”, comentava Steven Englander, analista cambial do Citigroup, em declarações à Bloomberg.
Em nota enviada aos clientes, tanto a Morgan Stanley como a UBS referem que os ganhos do euro não são compatíveis com o objetivo de reparar uma economia que encolheu 0,5% no último ano e aumentar a inflação, que atingiu os 1% em fevereiro, metade do objetivo de cerca de 2% do banco central. “O BCE terá que eventualmente tomar medidas o que voltará a colocar o euro sobre pressão. Mas no curto-prazo o euro está sustentado”, referiram os analistas da Morgan Stanley.
A falta de medidas adicionais para combater a baixa inflação e impulsionar a economia pode abrir espaço a mais ganhos da moeda única. E aumenta ainda a probabilidade um novo corte nos juros de referência em abril ou até mesmo a introdução de taxas de depósito negativas. “Quando os decisores começarem a acreditar que o euro está demasiado alto, com consequências materiais para a evolução da economia e do valor dos seus ativos, então eles vão agir”, comentava Geoffrey Yu, especialista da UBS, em conversa telefónica com a Bloomberg. Adiantando que: “Os mercados vão testar o BCE e então aí veremos que resposta darão”.






