Combustíveis simples anulam rotina de abastecer em Espanha

A maioria dos automobilistas da raia alentejana continua a abastecer os seus veículos em Espanha e nem os dísticos fixados nas gasolineiras portuguesas com os preços do gasóleo e gasolina simples eliminam esta “rotina” aos clientes.

Pedro Canelas, residente em Campo Maior, no distrito de Portalegre, é um dos muitos portugueses que abastece “sempre” o seu veículo na vizinha cidade espanhola de Badajoz, sublinhando, em declarações à agência Lusa, que “aproveita” a deslocação para efetuar outro tipo de compras.

Habituado a atravessar a fronteira para abastecer a sua viatura, Pedro Canelas é um dos vários automobilistas que ainda não se sentiu atraído pelos combustíveis simples, passando despercebida a sua existência na zona raiana de Elvas e Campo Maior.

Todos os postos de abastecimento em Portugal estão obrigados a vender combustíveis simples, ou seja, gasóleo e gasolina sem aditivos desde 17 de abril, na sequência de uma lei aprovada por todos os partidos no parlamento.

Num dos postos de abastecimento da zona industrial daquela cidade alentejana, a Lusa constatou que a diferença de preços é reduzida, situando-se, por exemplo, a gasolina 95 em 1,499 euros por litro e a gasolina simples a 1,489 euros/litro.

O mesmo acontece em relação ao gasóleo, que apresentava um preço de 1,264 euros/litro e o gasóleo simples 1,254 euros/litro.

Numa outra ronda por um posto de abastecimento de um hipermercado de Elvas, onde são comercializados apenas combustíveis simples, a Lusa constatou que o gasóleo era vendido a 1,189 euros/litro e a gasolina 95 a 1,459 euros/litro.

Já em Espanha, a realidade é um pouco diferente, estando a ser comercializado num posto de abastecimento de combustíveis simples, à entrada de Badajoz, o gasóleo a 1,149 euros/litro e a gasolina 95 a 1,189 euros/litro.

Apesar da variação de preços, Jorge Almeida vai abastecendo o seu carro entre Elvas e Badajoz, afirmando à Lusa que, “por enquanto”, ainda não experimentou os combustíveis simples em Portugal.

“Ainda não tive oportunidade de experimentá-los, mas por enquanto não estou muito entusiasmado nem virado para isso”, disse.

Já Eugénia Caracol, que abastece o seu veículo num posto de combustíveis simples de um hipermercado, disse à Lusa que “às vezes” abastece em Espanha, mas prefere aquele local em Elvas, uma vez que, no final do mês, “nota-se bem” a diferença no orçamento familiar.

Para João Carpinteiro, da empresa Combustíveis do Alto Alentejo (CAA), entidade que representa vários postos de abastecimento de combustíveis e faz a distribuição ao domicílio no Alto Alentejo, os combustíveis simples “não trouxeram nada de novo” ao mercado da raia.

“Essa situação não se tem notado, porque a diferenciação é de um ou dois cêntimos em relação aos combustíveis convencionais e as pessoas não lhe dão grande importância”, disse o empresário, em declarações à agência Lusa.

Além de desvalorizar a importância dos combustíveis simples, João Carpinteiro manifestou-se ainda contra a implementação em Portugal da “taxa verde”.

Com a introdução dos combustíveis simples no mercado, o Governo acredita que esta medida representará uma poupança anual de 200 milhões de euros na fatura dos portugueses, considerados os atuais níveis de consumo.


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